Pra Quem Já Conhece
(Marçal Furian, Marcelo D´Ávila, Raineri Spohr)
Que estranho silêncio na volta do rancho –
Não vejo sorrisos nem ouço um saludo –
Os causos do tempo quedaram-se mudos,
Só resta a tapera no olhar dos caranchos.
O sol testavilha, na hora do ocaso,
Com nuvens lobunas fazendo fiador
Mostrando pra gente que mesmo a dor
Não surge no mais, por obra do acaso.
O mundo por si tem sempre dois lados:
A sombra só existe por causa da luz,
O brilho da lua é o sol que conduz,
Aprende com tombo o bagual bem domado
A lágrima triste no couro do rosto
Às vezes precede a alegria de um riso;
As flores rebrotam no tempo preciso
Depois das geadas das noites de agosto.
Pra cada rodada que a vida reserva
Há um pingo estradeiro bem manso de boca;
O amargo do mate será coisa pouca
Pra quem já conhece a doçura da erva.