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Manifesto de Campo

Manifesto de Campo
(André Oliveira, André Teixeira)

Um potro senta
Golpeando o palanque
Manoteando e roncando
Contra o domador.
Sem pressa se estanca,
Coice e manotaço
No couro sovado
De um maneador

Um “polhango” refuga,
Recusa o sinuelo,
Se aparta alçado
Encontrando a cuscada.
Uma “parelha” de cueras
Sobre o aço do estrivo
Encostam seus pingos
Numa paleteada.

A ovelha despeja
O cordeiro no pasto
No lençol da geada
Do inverno do agosto.
Vem cheirando a cria,
Farejando a placenta
E oferta seu úbre
Brindando o colostro.

Uma tropa desfiada
Entre uma porteira
E a conta clavada
Na talha de ouro.
Dois tauras terciando
O poder do rodeio
E um “ñandú” ergue ninho
Nas covas de touro. 

Manifesto de campo
Da pátria torena
Aos que vivem do canto
De um par de chilenas.
Acordam distâncias
Pelas madrugadas
Nestas invernadas
De fundo de estância.

Manifesto de campo
Da pátria torena
Aos que vivem do canto
De um par de chilenas. 

A armada que cerra
No tronco das aspas
Virando o brazino
Pra presilha do laço.
Se “queda” o matreiro
E se cura a bicheira
Benzendo a ferida
Na marca do rastro.

A enchente que ronca
Subindo a barranca
Formando uma espuma
No leito do rio.
A novilhada retoça
Costeando o alambrado
E uma vaca que “salta”
Anuncia o cio.

O terneiro junta
As peçunhas na ilhapa
Num pealo certeiro
Semeado em bolcada
O sinal nas orelhas,
O ferro que queima
E a casta que rompe
No fio da prateada

Um pampa laçado
Dois laços cinchando
A faca que sangra,
O berro que esguia.
Ronca o sangrador,
O boi se ajoelha
E o campo renasce
Bebendo a sangria.

Manifesto de campo
Da pátria torena
Aos que vivem do canto
De um par de chilenas.
Acordam distâncias
Pelas madrugadas
Nestas invernadas
De fundo de estância.

Manifesto de campo
Da pátria torena
Aos que vivem do canto
De um par de chilenas.


Intérpretes: Jari Terres, Juliano Moreno, André Teixeira