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Guitarreando A Existência


Guitarreando A Existência
(Flori Wegher,  Luis Carlos Alves)

Despacito tranço tentos
De cantigas em versos largos
Que assim no mais, sem embargos
Brotam deste manancial
Ouvindo um xucro coral
Em forma de melodia
Que me vem da saparia
Do palco do banhadal.

Meu verso abarbarado
Tem cheiro de lida e campo,
É querência onde me acampo
A cantar com emoção,
Esporeando a inspiração
Prá sinuêlo do relato
Emoldurando o retrato
Do meu ser e do meu chão.

Busco acalanto em meu canto
Prá diminuir minhas penas,
Tenho prateada as melenas
Grizalhadas de experiências
Canto a raiz e a essência
Deste pampa sul nativo
Garrão de Pátria onde vivo
Guitarreando a existência.

O tempo que vai rodando
Não ressuscita o passado,
Mas cura os machucados
Dos recuerdos caborteiros,
Fantasmas fanfarroneiros
A judiar o coração
Que bate contra o violão
Nos meus cerões galponeiros.
Despacito tranço versos,
Guitarreando a existência.


Embretando A Vida

Embretando A Vida
(Flori Wegher, Luis Carlos Alves)

Desta quincha centenária, vou gastando as horas largas
Enquanto sovo o palheiro, vou mateando yerba amarga.
De mano com a tristeza, solito nesta quietude,
Na hora que o gado bebe nos remansos do açude.

O abandono do campo me foi mermando a coragem,
Acolherado ao desgosto empezo pensar bobagem.
Talvez deixar a querência...o mundo que é meu galpão,
Prá ir campear na cidade, remédio prá solidão.

Há que restar um cavalo
Prá mim que vivi domando
E repontar meu destino
De lombo duro troteando.

No entanto meu parceiro, receio barbaridade,
De me embretar na favela e ser mais um João Saudade.
Ou então prá minha desgraça, que é pior que o matador
É virar mais um sem-terra, acampado ao corredor.

Prá o peão não há mais lugar, é a triste constatação,
A fartura das estâncias só há na imaginação.
A divisão da cidade foi também truco marcado,
Me destinaram um perau com barracos pendurado.

Há que restar um cavalo
Prá mim que vivi domando
E repontar meu destino
De lombo duro troteando.