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Rio Negro, Boi Preto E A Degola

Rio Negro Boi Preto E A Degola
(Caine Teixeira Garcia, Zulmar Benitez)

Mangueira de pedra
Massacre latente
Rio Negro em sangue
“irmãos” já rendidos
Facas se “servindo”
Degola inclemente
Facas se “servindo”
Em “irmãos” já rendidos
Horror no semblante

Quanto vale a vida
De um homem de bem?
Perguntaram a La Torre
Faca no pescoço
Sorriso no rosto
É sangue que escorre
Faca no pescoço
Sorriso no rosto
É sangue que escorre
É mais um que morre...
É mais um que morre!

Que tempo brabo              
Viveu o Rio Grande
De se lamentá
De vida ceifada
E morte debochada
Por todo lugar
Irmão contra irmão
Perdendo a razão              
Com ódio no olhar
Esquecendo ideais
Degolando “no más”
Num prazer de matar
Num prazer de matar
Num prazer de matar!

- E a vingança veio
Lá pelas Palmeiras –
Na mesma moeda
Degola sem trégua
Massacre em “Boi Preto”
Sangrando a terra
Massacre em “Boi Preto”
Degola sem trégua
O ódio é uma fera...
O ódio é uma fera!

Coronel Firmino
Ordenando a matança
Degola em marcha
Na faca o destino
Cabeças sem corpo
Bombeando pro nada
Cabeças sem corpo
De heróis e assassinos
Que no campo ficaram...

Que tempo brabo
Viveu o Rio Grande
De se lamentar
De vida ceifada
E morte debochada
Por todo lugar
Irmão contra irmão
Perdendo a razão
Com ódio no olhar
Esquecendo ideais
Degolando “no más”
Num prazer de matar!
Num prazer de matar!



Intérprete: Pirisca Grecco, Leonardo Paim




* Esta letra foi baseada em fatos históricos do RS, procurando abordar um pouco o “assunto” degola em nosso Estado, focando, em especial, o “Massacre do Rio Negro” e a “Mortandade em Boi Preto”, conforme consta em livros de nossa vasta bibliografia, tais como “História Ilustrada do Rio Grande do Sul, RBS Publicações, 2004”; “No Tempo das Degolas, Elói Chaves Flores, ML 1986”; “Maragatos e Pica-Paus. Guerra Civil e Degola no RS, Carlos Reverbel, POA, L&PM, 1985”, entre outros, além de depoimentos de historiadores.

Estamos publicando o áudio original do autor, gentilmente cedido pelo mesmo. Ainda não localizamos os áudios das interpretações nos festivais, bem como precisamos confirmar os intérpretes nos dois festivais em que foi defendida a marca. Quem puder ajudar de alguma forma, ficamos muito gratos.

Lua Chirua

Lua Chirua
(Edilberto Teixeira, Ênio Medeiros)

A lua é uma gata angorá                                                            
Que pisa manso o telhado,
E a geada no descampado
Que ainda não levantou,
É um velo de lã merina,
É um seio branco de china
Que nem o sol não tocou;

A lua é prenda que foge
Do rancho do firmamento
E, engarupado no vento,
Vai alumiar a querência
Nos olhos negros da prenda
A lua cheia é uma oferenda
De paz, amor e de ausência

Esta lua é uma chirua
Que maltrata o meu sossego
Quando abre a pampa nua
Vem dormir nos meus pelegos.

A lua guia o gaudério
Como um celeste candeeiro
Quando ele vai, de escoteiro,
Abrindo atalho e caminho.
E atravessando o perau,
Meia noite, ouve o urutau
Chamando a fêmea pra o ninho.
  
E a lua cá do potrero,
Quando linda vai passando,
Faz minh'alma ir-se cantando
Na amplidão do seu luar
E este azul se azul não fosse,
Seria rima água-doce
De uma canção de ninar.

Esta lua é uma chirua
Que maltrata o meu sossego
Quando abre a pampa nua
Vem dormir nos meus pelegos.


De Campo e Rio

De Campo e Rio
(Gujo Teixeira, Sabani Felipe de Souza)

Um tem alma de invernada
E no lombo de uma gateada
Tem o mundo nas esporas
Tem o campo por sustento
E copia o assovio do vento
Pondo a tropa estrada a fora
Sabe de tropa estourada
Das rondas nas madrugadas
Cuidando o gado de perto
Sabe seguir de fiador
Quando acaba o corredor
Pra achar o atalho mais certo

O outro tem alma na proa
E leva a noite e a canoa
Onde o sangrador deságua
Sabe dos vaus e das canchas
E que a lua se desmancha
Quando um remo bate na água
Quem conta estrelas no céu
Enquanto estende o espinhel
Nos galhos do sarandi
Embala o corpo e a vida
Numa canoa sofrida
Que ainda sabe aonde ir

Por isso que campo e rio
De campeiro e pescador
Sabem que a paz é um momento
Em que a vida na voz do vento
Leva a gente aonde for

Quem é de campo bem sabe
O destino que lhe cabe
De encilhar a vida inteira
Banca o cavalo no freio
E aperta bem os arreios
Pra apeiar só nas porteiras
Quem é de rio sabe as sedes
Sabe os remansos e as redes
E as cheias que o rio tem
Mas também sabe os pesqueiros
Quando o tempo por matreiro
Nos leva a vida também


A Paz Está do Meu Lado

A Paz Está do Meu Lado
(Flávio Saldanha, Armando Vasquez, Diogo Matos)

Então aqui me apresento neste Rio Grande sem fim
Todos me chamam de campo sou de terra e de capim
Com veias de rios e sangas correndo dentro de mim

Minha paisagem de gado cuido com dom e preceito
A vida pulsa a meu lado faço o que tem que ser feito
Para dar paz e sustento Deus me criou desse jeito

Por isso não vens agora com tua má criação
Sujar meu sangue de barro fazendo devastação
Não quero mais cicatrizes de arado e mato tombado
Muda de idéia e de rumo que a paz esta do meu lado

Quero a paz farroupilha que silenciou no clarim
Para que o homem um dia venha encontrar o fim
Da desavença da terra peleando em cima de mim

Quero ser pão sobre a mesa de quem souber me cuidar
Porque o descaso do homem venha aos poucos me matar
Teimando em tirar de mim bem mais do que posso dar



Meu Baio Em Quatro Elementos

Meu Baio Em Quatro Elementos
(Sabani Felipe de Souza, Gujo Teixeira)

A alma do meu cavalo
Tem vento pelas entranhas
Calma de brisa de maio
E entardecer de campanha
Tem nas noites de agosto
Uma inquietude que venta
E a mansidão pelas rédeas
Em contraponto a tormenta

Tem raios de temporal
Nas quatro patas calçadas
Que bate o rumo dos campos
Numa ciranda marcada
É a água mansa de sanga
Arroio de campo bueno
Planura de várzea larga
Molhada pelo sereno

Meu baio quando escarceia
Atira a sombra pra cima
E roda o coscós do freio
Abanando franja e crina
Clarão de lua no pelo
Coração de noite boa
Terra nos olhos de um tino
De nuvem negra e garoa
O sangue do meu cavalo
Tem fogo na sua essência
Mescla de tempo e coragem
E por de sol da querência
Meu baio tem casta antiga
Das estâncias da minha gente
Tem alma de gato e mancha
Nos elos do continente

É a água pra tanta sede
É terra por onde pisa
É o fogo que tem no sangue
É o vento que vira brisa
Pois quando estende a estrada
Num rumo de ir embora
Meu baio segue o brilho
Da luz da estrela da espora

Por isso quando encilho
Meu baio numa ramada
Firmo a história do pago
Na cincha bem apertada
É a descendência do campo
Na palavra que sustento
Alma, sangue, pelo e raça
Unindo quatro elementos.