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Mostrando postagens com marcador José Fernando Gonzales. Mostrar todas as postagens
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A Copla de Assobiar Solito


A Copla de Assobiar Solito
(Luiz Carlos Borges, José Fernando Gonzales)

Meu pai um dia me fazia moço e me levando para camperear
Assobiava qualquer coisa doce como se fosse de luz de luar
Aquela copla que não era um hino e era simples e era só sua
Ia amansando nossa vida adulta ia amansando duas almas puras

A copla terna que meu pai trazia
Não transcendia para alguém mais eu
Era a essência do lugar da arte
Ensimesmado no seu próprio ser

Não se achegava ao de redor do fogo
Nem vinha junto pro galpão da estância
Era parceira apenas campo afora
Só sem querer me acalentava a infância

Hoje a lo largo na cidade grande quando vagueio a procurar por mim
Me dou de conta assobiando a esmo e me interrompo sem chegar ao fim
A minha copla de assobiar solito tropeando ruas numa relembrança
É aquela mesma que meu pai trazia que estranhamente me deixou de herança

O Homem Que Se Esqueceu De Deus

O Homem Que Se Esqueceu De Deus
(José Fernando Gonzales , Talo Pereyra)

Teu medo é o campo que já não floresce
É uma semente que já não germina
É uma vertente de que não se bebe
É o que se atreve a nos passar por cima

Meu medo é o medo do animal aflito
Quando a rapina lhe ameaça a cria
É um entrever de um verso em rima pobre
Comprometendo os rumos da poesia

Meu medo é a mata que foi derrubada
É uma criança que não foi parida
É a primavera que não tem mais sol
É um rio que corre sem levar a vida

Meu medo é o medo da figueira grande
Quando o machado lhe ameaça a queda
É um entrever de um tempo sem poesia
Pras melodias de quem não se entrega

Meu medo é o moço que já não escuta
É o que falece a geração dos meus
Meu medo é o medo dos que já não comem
Meu medo é o homem que esqueceu de Deus

Aguas De Dentro

Águas De Dentro
(José Fernando Gonzales, Talo Pereyra, Luiz Bastos)

Os rios que carrego
Tem águas vermelhas
Mais rubras que as águas
No alto Uruguai

São águas paridas
Na fonte da vida
Vertentes perdidas
Na história dos pais

Nas águas de dentro
No rio das funduras
Navegam sementes
Plantadas em nós

São águas maduras
As águas vermelhas
Os veios antigos
Que vem dos avós

As águas de dentro
São águas de mim
Farão corredeira
Além do meu tempo
Depois do meu fim

As águas de herança
Dos rios que carrego
Vermelhas da ânsia
De antigos caudais

Tem força de braço
No corte do relho
E remanso sereno
Na luz de ancestrais

Os rios que carrego
Farão descendência
Somando as memórias
Trazidas de mim

E as águas de dentro
Serão corredeiras
Nas veias dos filhos
Depois do meu fim

Grito Dos Livres

Grito Dos Livres
(José Fernando Gonzales, Dante Ramon Ledesma)

Quando os campos deste sul eram mais verdes
Índios pampeanos que habitavam o lugar
Foram mesclando com a raça do homem branco
Recém chegado de querências além mar

E o novo ser que se formou miscigenado
Virou semente, germinou e se fez povo
E um grito novo ecoou no continente
Lembrando a todos que esta terra tinha dono

Enquanto o Gaúcho for visto no pampa
Enquanto essa raça teimar em viver
O grito dos livres ecoará nesses montes
Buscando horizontes libertos na paz

No grito do índio, o grito inicial
Com cheiro de terra no próprio ideal
De amor à querência liberta nos pampas
Gerada em estampas do próprio ancestral

A nova raça cresceu e traçou limites
Que bem demarcam a extensão dos ideais
E o mesmo povo hoje repete o grito
Alicerçado nas raízes culturais

A liberdade não tem tempo nem fronteiras
O homem livre não verga e não perde o entono
Vai repetindo a todos num velho grito
Passam os tempos mas a terra ainda tem dono

Do grito do índio, aos gritos atuais
Há cheiro de terra nos próprios ideais
De um povo sofrido, ereto em vontade
De escrever liberdade nos seus memoriais

Enquanto o Gaúcho for visto no pampa
Enquanto essa raça teimar em viver
O grito dos livres ecoará nesses montes
Buscando horizontes libertos na paz

Enquanto o Gaúcho for visto no pampa
Enquanto essa raça teimar em viver
O grito dos livres ecoará nesses montes
Buscando horizontes libertos na paz