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Mostrando postagens com marcador José Claro. Mostrar todas as postagens
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Na Boca Da Cobra

Na Boca Da Cobra
(Dionísio Costa, José Claro)

Eu tô arranchado com uma coisa á tôa
Uma certa pessoa que só me atrapalha
Tem o mau costume de viver na porta
Co’a língua que corta piór que navalha
Só pra bater beiço que ela sai da tóca
Faz cada fofóca que até me arrepía
Falou pra vizinha que eu não sou tão macho
Que eu sou um borracho já sem serventía

De noite me abraça e diz que me ama
Suspira e me chama de doce de ‘abóbra’
De dia pra ela não passo de um tôngo
E eu sou um 'camundôngo' na boca da cobra

Falou pro compadre que ela me sustenta
E já não aguenta viver com um jaguara
Que só não me larga pois não quer meu fim
Por pena de mim é que não se separa
Eu que pago a conta do vestido novo
E nem ‘fritá’ um ovo a dondóca é capaz
Tem que ter paciência e um saco de ouro
Pra ‘ouví’ os ‘desafôro que a bruxa faz

Meu vizinho brabo, casou co’a Sofia
E agora ‘sis dia’ seu filho nasceu
Ela fez lambança pela redondeza
Que tinha certeza que o piá era meu
Piór que o piazinho é o meu focinho
Quase que o vizinho, me deu um sóva
Se eu não deixar dela ninguém mais me ajuda
E essa linguaruda me manda pra cóva

No Rio Da Vida

No Rio Da Vida
(Dionísio Costa, José Claro)

A vida é um rio carregando a gente
Caminhando sempre pra núnca voltar
No leito do tempo desliza pra o fim
Assim como as águas no rumo do mar
Quando a alegria é enchente no peito
A vida transborda de felicidade
Se vem o desprezo saímos do curso
E nos afogamos num mar de saudade

Já tive a vida como um rio calmo
Correndo silente pra o mar da paixão
Já fui correnteza carregando sonhos
Mas fiquei nas curvas da desilusão

As vezes o sonho é um convite louco
Prá um mergulho à esmo onde não dá pé
Por vezes a vida é bruta cachoeira
E as vezes marasmo lá dos aguapés
Quando a incerteza ao fundo nos leva
E a vida é turva e sem horizontes
Buscando as margens de um raso tranquilo
Olhamos a vida de cima da ponte

Visita De Saudade

Visita De Saudade
(Dionísio Costa, José Claro)

Na noite passada, meu sono não veio
E eu fiz um passeio, na minha lembrança
Do meu pai amigo, revi o semblante
Por algum instante, voltei ser criança
Senti a inocência, da vida tranqüila
Que a gente aniquila, quando bate as asas
Vi nesta saudade, meu velho mateando
Comigo proseando, na sombra da casa

Que hora sagrada, foi este momento
Pois em pensamento, lhe dei um abraço
E embora distante, do meu grande amigo
Sei que está comigo, nos versos que eu faço

Parece verdade, na força da mente
Que eu ví novamente, o velho Nelcindo
Me alcançando a cuia, com um pé no banco
De cabelos brancos e um sorriso lindo
Que coisa abençoada, que cena bonita
Foi esta visita, que eu recebia
Bem na minha frente, comigo abancado
O meu pai amado, que há tempo eu não via

O mesmo trejeito, a mesma alegria
E a fisionomia, que de mim não sai
De olhos molhados, beijei o seu rosto
E senti o gosto, do amor do pai

Ao roncar a cuia, me disse sorrindo
Meu filho vou indo, preciso voltar
Que deus te abençoe, com sorte e saúde
Só aí que eu pude, então lhe falar
Tu sabe meu velho, que o meu dia a dia
É uma correria, mas não te esqueci
Como me faz falta, a tua amizade
E que baita saudade, eu sinto de ti

Teus ensinamentos em minha memória
Faz a minha história, ter clareza e brilho
Mesmo que esta vida seja tão pequena
Já valeu a pena, só por ser teu filho

Tipo À Tôa

Tipo À Tôa
(Dionísio Costa, José Claro)

Nascí pra viver na farra onde conversa a cordeona
Dengo e chôro não me agarra, meu abraço não tem dona
Solito me determino, pra me casar tô sem préssa
E o rumo do meu destino é só pra mim que interéssa
Bruxaría não me péga, 'zóio' feio não me marca
Tudo que a sorte me néga, eu ajeito na fuzarca
Me sumo quando anoitece, 'campeá' um retôsso no pago
Só volto quando amanhece, repunando fumo e trago

Me chamam de tipo à tôa só porque eu gosto de festa
Se tem tanta coisa boa, não 'vô' 'pegá' o que não présta
(Nem ligo pra o que não présta)

Se tem barulho me chêgo, pra 'bebê' e 'fazê' fumaça
Tô virado num morcego, de noite eu ando na caça
E os 'pila' que vêm suado, vai num tapa que eu nem vejo
Chego no rancho quebrado e os 'beiço' inchado de beijo
Chinaredo e jogatina tão me rapando o bocó
Sou movido à 'cangibrina' e não caio num góle só
Carestía não me afronta, quem tem pouco, não tem nada
Pois enquanto eu pagá a conta, eu é que enfreno essa eguada