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Mostrando postagens com marcador José Carlos Batista De Deus. Mostrar todas as postagens
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Embaixo Dos Bastos

Embaixo Dos Bastos
(José Carlos Batista de Deus, Jairo Lambari Fernandes)

Até parece um retrato tirado em dia de festa
Chapéu clareando na testa cada vez que me enforquilho
Num dos crioulos que encilho prá me tornar soberano
Frente ao destino cigano que passa de pai pra filho

Feito uma estrela cadente que alumbra algum descampado
Meu baio de cacho atado atira o freio por graça
Honrando o garbo da raça que a própria história carrega    
E pisa sobre as macegas igual se andasse na praça            

Quando trago uma rosilha serena embaixo dos bastos
Remendo os caminhos gastos me boleando desse altar
Hay yerba para matear, um galpão pras guitarreadas,
Um verso nas madrugadas e um grilo pra me escutar

Se meus bastos não têm velas prá navegar nos varzedos
Sei que me basta o segredo de apertar cincha e bocal
E me agrandar no recau de um mouro que a tresontonte
Cismou ser mais que o horizonte bebendo a estrada real

Um gateado flor de estampa prá pontear uma tropa bruta
Ou sair em reculuta sem ter pressa de volver
Quem faz a vida escorrer da cadência de um bom pingo
Traz um olhar de domingo prá cada sol que nascer              

Quando trago uma rosilha serena embaixo dos bastos
Remendo os caminhos gastos me boleando desse altar
Hay yerba para matear, um galpão prás guitarreadas,
Um verso nas madrugadas e um grilo pra me escutar




Embaixo Dos Bastos - Jairo Lambari Fernandes by Guascaletras

Vaca Parada

Vaca Parada
(Eduardo Muñoz, José Carlos Batista de Deus, Fabrício Harden)

Se foi a brasina pampa
Na noite de temporal,
Um raio correu na cerca
Pra dar o pealo fatal...
Restaram couro e cabeça
Pra confortar o piazedo:
- Mais vida pros fins de tarde,
Em vez de apojo bem cedo!

Firmando o braço de a pé
Voando as horas se vão...
Fica a presilha de arrasto
Sem pretensão de tirão...
Sobra mão e falta laço
Que até por isso se gasta,
Sovando a toca dos zóio
Do bicho que já não pasta!

Quem laça vaca parada
Recebe mais do que herança:
- Deus arma todos iguais
Na hora que estende a trança...
Escola dos laçadores
Que a lida há de prová-los,
Pois só garantem diploma
Fazendo igual de a cavalo!!!

Descaminho dos guris
Nos colégios do interior,
Não perdem dia de prova
Que o vermelho tem valor…
Narradores de improviso
Toreiam a pontaria
Não passam despercebidos
Inventos e pescarias!

Na volta do cavalete
Onde o ritual se repete
O pasto rapado mostra
Que existe boca do brete...
Até quem não é da côsa
Manda corda e faz bonito,
Ter nascido enforquilhado
Não faz ninguém favorito!

Grito Largo

Grito Largo
(José Carlos Batista De Deus, Fernando Mendonça Mendes)

O Vento Norte a embalar macegas
E o baio ruano abaralhando o freio
Solto do peito aquele grito largo
Marca sagrada de parar rodeio
Um pouco adiante o cusco atropela
A lebrezita que arrancou do sono
Bem lá no alto um touro osco berra
Como se fosse desse mundo o dono

Pela invernada vão brotando trilhas
Riscando o verde de pêlo e poesia
A cavalhada em disparada louca
E o tranco manso do gado de cria

A água suja no passo da sanga
Carrega cheiro de pasto pisado
Um quero-quero recortando os ares
Mistura jeito de chefe soldado
Até uma nuvem caminhando lenta
Chega sedenta no cocho de sal
Deus participa desta tarde morna
E deixa à mostra seu amor rural

Será esse grito de parar rodeio
Letra de um hino ou cantar de vida
É certo mesmo que faz bem à alma
E adoça a boca no rigor da lida

Até uma nuvem caminhando lenta
Chega sedenta no cocho de sal
Deus participa dessa tarde morna
E deixa à mostra seu amor rural

Será esse grito de parar rodeio
Letra de um hino ou cantar de vida
É certo mesmo que faz bem à alma
E adoça a boca no rigor da lida