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Mostrando postagens com marcador Igor Silveira. Mostrar todas as postagens
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Embretados

Embretados
(Davi Teixeira, Igor Silveira)

'Cumpadre' me dá noticia
Das "côsa" da capital
Aqui pro 'hôme do campo'
A peleia é desigual
Não chega a 'mosca' 'tristeza'
Tem "toalete" e "funrural"
E agora tão me cinchando
Co'a tal 'reserva legal'

"Apepês" e "pepepês"
"Preservação do ambiente"
Conversa de boitatá
Só vão embretando a gente
Este restinho de pampa
Que "traigo" tão bem cuidado
Querem virar tudo em grota
O que era bóia pro gado

'Cumpadre' na zona urbana
Não tá muito diferente
Tem gente pior que o gado
Com a boia escassa na frente
As rua tão 'entupida'
Nem se atende pelo nome
Cada um já tem um brinco
No brete do 'mata-fome'

Diz que a 'Dê' pulo pra 'Cê'
"Com mais pataca no bolso"
Conversa de boitatá
No fim tudo vira imposto
A carne que tu produz
Me chega sobretaxada
Tô descascando "as agulha"
Pra "comê uma desossada"

Mete o cavalo cumpadre
Não bamo chora as pitanga
Quem nasceu pra paleteá
Não vai vira boi de canga

Mete o cavalo cumpadre
Vamo dá uma encostadinha
Divulgá pra sociedade
Que o boi não brota das "arve"
E que o leite não da em caixinha

'Cumpadre' aqui na campanha
Coma lotação não se brinca
Se apérto as vaca dão 'faia'
Se afrouxo me pega o INCRA
Tenho visto que a 'pastura'
A cada ano se apóca
E eu que nem rato em guampa
Não acho a porta da toca

Antes diziam que o Dólar
Encarecia os 'insumo'
Pois vem que é 'cola de égua'
E não me sobre nem pro fumo
'Temo embretado cumpadre'
Na campanha e na cidade
Se tapo a volta da "oreia"
Me gela 'as extremidade'

Mete o cavalo cumpadre
Não bamo chora as pitanga
Quem nasceu pra paleteá
Não vai vira boi de canga

Mete o cavalo cumpadre
Vamo dá uma encostadinha
Divulgá pra sociedade
Que o boi não brota das "arve"
E que o leite não da em caixinha


Depois Das Léguas Da Carreteira

Depois Das Léguas Da Carreteira
(Osmar Proença, Igor Silveira)

Na carreteira a estrela D’alva acorda os bois
Um galo canta, outro responde mais ao léu
Mate lavado, cafezito camboneado
E o dia avança luzindo um florão no céu

Madrugadita enserenada no potreiro
Luar prateando, boi no pasto, água na sanga
Enquanto a légua arranca notas do cincerro
O boi da aurora vem lamber o sal da canga

Meu pensamento encontra o vento e cria asas
Pra estar nas casa em meio a moda no rincão
Enternecer este motivo que eu sustento
Junto ao rebento e a mulher do coração

E da cantiga do cincerro bem atado
Faço um legado para os outros que virão

"Lenha embarcada e os avio das precisão...
Chamo do arreio a junta mestra veterana;
Meus bois da ponta tem muita estrada nos cascos
Que nem carece o marimbondo da picana..
Rancho andarengo na cadência da boiada,
Calmo assovio pra acompanhar tua cantiga,
No teu costado encho os olhos de Querência
E lavo a alma no regresso à gente amiga."

Cascos de bois fizeram rastro lado a lado
Na paz, na guerra, no plantio e na colheita
Enquanto o homem, o cachorro e o cavalo
Envelheceram no costado da carreta

Resta aos antigos um recuerdo, um devaneio...
Mirar nublado por debaixo do chapéu
Cada carreta um barco amigo no horizonte
Singrando as pontas entre os campos no céu

Meu pensamento encontra o vento e cria asas
Pra estar nas casa em meio a moda no rincão
Enternecer esse motivo que eu sustento
Junto ao rebento e a mulher do coração

E da cantiga do cincerro bem atado
Faço um legado para os outros que virão