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O AÇUDE É UM CÉU DENTRO D'ÁGUA

TÍTULO
O AÇUDE É UM CÉU DENTRO D'ÁGUA
COMPOSITORES
LETRA
GUJO TEIEIRA
MÚSICA
ZÉ RENATO DAUDT
INTÉRPRETE
GUSTAVO TEIXEIRA
RITMO
MILONGA
CD/LP
20ª SAPECADA DA CANÇÃO NATIVA
FESTIVAL
20ª SAPECADA DA CANÇÃO NATIVA
DECLAMADOR
AMADRINHADOR
PREMIAÇÕES


O AÇUDE É UM CÉU DENTRO D'ÁGUA
(Gujo Teixeira, Zé Renato Daudt)

De onde avisto a querência, o açude é um céu dentro d´água
Lâmina azul, refletindo, tudo o que o tempo deságua.
Aprisionado em limites, contido, longe se espelha
Pois entre as duas coxilhas, surge uma várzea parelha.

Tudo que o céu guarda em si, o açude mostra também
Menos as suas vontades, de querer ir mais além.
Quando um desaba no outro, com temporal e tormenta
Acordam as sangas por diante, deixando a água barrenta.

O açude em águas calmas, é tudo o que o céu quiser
Pois vive das suas chuvas, duma nascente qualquer.
Nas margens de grama verde, o gado pasta a planura
E mata a sede das tardes, bebendo o céu nas lonjuras.

O céu se pinta de estrelas, em águas anoitecidas
Que a lua deixa de manso, um risco em luz, refletida.
São nestas horas, que a noite, fica o olhar calmamente
O bote de uma traíra, contra uma estrela cadente...

O vento que empurra as nuvens, faz maretas no açude
E o céu, não para espelhado, torcendo que o tempo mude.
Vão os dois pra o mesmo lado, até chegar na vazante
O açude, para na taipa, e as nuvens seguem por diante.

O açude é um céu dentro d´água, e a mesma cena ao inverso
Guardando dentro um mistério, que existe em seu universo.
Que as garças, que voam longe, levam o céu pelas asas
Depois, devolvem ao açude, pousando nas águas rasas...

Passa tanto céu na água, e o açude segue o mesmo...


Assim Te Vejo Querência

Assim Te Vejo Querência
(Zé Renato Borges Daudt, Xirú Antunes)

Como te recordo querência,
Pedra, tijolo e capim,
Da sanguita da cruzada,
E dos passos de guri,
Ronda de tropa e sestiada,
Do cheiro de alecrim,
Dos olhos amorenados,
Onde no mais me perdi.

Do feitiço da porteira,
Tranca, retranca, cambuim,
Porque a porteira é chegada,
Da invernada até ali,
Depois nos leva pra casa,
Caminito que é assim,
Traz cheiro da velha cozinha
E perfume de jasmim.

Potreiro frente ao galpão,
Descanso do dia a dia,
Banhadito musiqueiro,
E o canto da saparia,
Entreveram caponetes,
Abrigos pras invernias,
Gestação das pitangueiras,
Tarumãs e curunilhas.

Campo do fundo que traz,
Berro de touro matreiro
O sentido da vacagem
Que se apartou dos terneiros, 
Noite cheia de assombros,
Do negro do pastoreio,
Nos devolve a cavalhada
Lá num canto do potreiro.                                         

Querência pra mim é assim,
Condição de pasto e chão
Oração de picumã,
No oratório do galpão,
Silêncio de paz morena
Domingueando no rincão
Verde de olhar que derrama,
Que alimenta o coração.


Intérprete: Gustavo Teixeira
Recitado : Xirú Antunes

Cuando El Amor Muere En El Alma

Cuando El Amor Muere En El Alma
(Martim César Gonçalves, Paulo Timm)

La nube gris en tu mirada
Hablaba más que mil palabras
No hacía falta oír tu voz
Diciéndome un triste adiós

Cuando el amor muere en el alma
La vida te pide perdón
No hay un lucero en el alba
El día llega sin el sol

¿Cómo olvidar...
No recordar más nuestro ayer
Decir, al fin, que ese dolor
No habita más mi corazón?
¿Cómo aceptar...
Que la primavera ya se fué
Y está el jardín sin una flor
Porque el amor se marchitó?

Del fuego ardiente en tu sonrisa
Sólo quedaron las cenizas
De aquellos años de ilusión
Quizás tan sólo una canción

Cuando el amor muere en el alma
El tiempo pasa sin razón
Se quedan mudas las guitarras
No hay más luna en tu balcón


Ponche Verde


Ponche Verde
(Xirú Antunes, Fábio Peralta)

Verde estendido de poncho,
“Empastiçado” em planuras,
Presságios de vento e lua,
De sóis , escuros e chuvas.

Riqueza que vem da terra,
Clorofilada de pastos,
Teu olhar de quietudes,
Acolhe “paradouros” de gado.

Criaste homens gaúchos,
Na aragem branda do tempo,
Voz bilíngüe de repontes
Em cada marco fronteiro.

Prosa rosilho prateada,
Nas manhãs das campereadas,
Recorrendo a flor da lida,
No coração da invernada.

Povoamento estancieiro,
De cada dia campeiro,
Laço voando nos ares,
Pescando a força dos touros.

Por aqui índios Pampeanos,
Testemunharam os estouros,
Das pedras das boleadeiras,
No encontro de terra e couro.

E depois os contrabandos,
Abriram o céu das picadas,
Tangendo mesclas de raças,
Pra formação das estradas.

E vieram outras raças,
Dos feitos contrabandeados,
Fortes, tal qual, minuanos,
E cernes de “moironadas”.

Verde estendido de poncho,
Do avô que foi farroupilha,
Do Pampeano bisavô,
Do moço contrabantista.

Da morena, pele índia,
Com os lábios “pitangueados”
Lonjura de paz fronteira,
Que abençoou os dois lados.


Pitanga


Pitanga
(Filipe Corso, Rafael Ferreira,Vitor Amorim)

Morava sem muito luxo
Quase na beira da sanga
Era vizinha da tuna
Do cardo e da japecanga

E tinha por seu costume
Adoçar simples desejos
Pois quando um homem passava
Na boca lhe dava um beijo

Tinha a pureza estampada
Sob o semblante do rosto
E embora moça direita
Muitos provaram seu gosto

E assim passava seus dias
Sempre de trás da cancela
Dando o seu doce pra tantos
Sem deixar de ser donzela

E assim passava o aroma,
Seduzindo em cor tão bela
Junto ao vívido vermelho
Nas bordas do corpo dela

Se espalhava pelo vento
Embalada em seus perfumes,
Feitiço pra muitos tantos
Principiando os ciúmes

Lindeira, igual a tantas
Num viver dependurada
Esperando um moço certo
Que lhe colhesse adoçada

Já lhe quiseram impura
Com mistérios e artimanhas
Já foi motivo de amores
Afogada numa canha

E quando o inverno chegou
Seu rancho virou tapera
O doce se foi embora
Deixando o amargo da espera

E quem no inverno passou
E achou seu rancho tapera,
Não se preocupe a pitanga
Voltará na primavera!


Coplas de Terra Morena


Coplas de Terra Morena
(Gujo Teixeira, Xirú Antunes, Gustavo Teixeira)

Enquanto a terra morena florescer sonhos e cardos
E as tranças forem o rumo dos buçais bem reforçados,
Pra escorarem os tirões dos baguais de primavera
Então serei um dos poucos a não me tornar tapera.

Donde provém meu sustento é donde o baio relincha
E o vento que venta norte toreia o capim da quincha
Eu sei meu mundo é pequeno, vai pouco além da invernada
Mas sei que tem muito mundo pra onde segue esta estrada.

O mundo que segue a estrada eu muito pouco conheço
Mas sei dos que aqui voltaram que é um mundo do avesso
Onde os sonhos valem pouco e a alma dos campeiros
São escravas dos fantasmas que lhe apartaram do arreio.

E enquanto eu tiver meu baio e a força sustenta o braço
De certo não passo fome, como com a boca do laço
Pois quando se abre no céu armada depois rodilha
Meu mundo fica por conta só do botão da presilha.

Sou campo, terra e bem mais do que eu possa desejar
E um dia a terra morena vem por certo nos cobrar
Então serei só recuerdos povoando sonhos e fatos
E um semblante gaúcho na palidez dos retratos.



Diálogo De Luz E Sombras


Diálogo De Luz E Sombras
(Marcelo D´Ávila, Juliano Moreno)

(Honório):
- Quem chega em meu rancho sem dar “Ó de casa!” –
Com passos pesados, embora em silêncio?
Envolto num poncho de noite sem lua,
Pilchado de sombras – será quem eu penso?

(“O Outro”):
- Se enxergas meu vulto de bota e bombacha,
É só uma forma, das muitas que tenho:
Meu nome não digo, nem mostro meu rosto
Mas sei que imaginas quem sou e a quê venho.

Em cada refrega estive a teu lado
No Passo do Guedes, no teu Caverá –
Agora é o momento da paz derradeira:
Meu zaino te espera do lado de lá.

(Honório):
- Meu nome é Honório, me chamam Leão!
Tracei meus caminhos a ponta de adaga!
(“O Outro”):
- Descansa tuas armas, vem junto comigo,
Que a vida é candeeiro que um dia se apaga!

(Honório):
- Nas minhas batalhas venci tantas vezes
Em outras sofri o amargo revés.
Mas este combate já sei que é perdido
Porque finalmente percebo quem és.

- Gastei meus outonos em bárbaras lutas,
Tingindo de sangue o Ibirapuitã
E bem quando chegas, buscando por mim,
Vislumbro o horizonte de um novo amanhã.

(“O Outro”):
- O corpo cansado já pede repouso,
O braço fraqueja empunhando a garrucha.
Te levo comigo mas deixo gravado        
Teu sonho imortal na alma gaúcha.

(“O Outro”)
- Teu nome é Honório, te chamam Leão!
Teus feitos ficaram na tarca da história!
(Honório):
- Estende tua mão: vou junto contigo,
Meu tempo é passado! O resto é memória.

De Lua Linda

De Lua Linda
(Gustavo Teixeira, Gujo Teixeira)

A lua cheia ponteou de novo no céu da pampa,
Desenhando estampa, imagem clara, poncho e chapéu,
Tranco largo, bom cavalo,
Quando o céu num pealo fez uma estrela vir de "buléo".
Luz cadente, noite afora,
E o meu par de esporas tem um brilho raro vindo do céu.

Faz contraponto com a prata inteira destas rosetas,
Clareando a silhueta que a luz da lua estendeu no pêlo.
Minha gateada, lume o ouro
Que prendeu no couro pra trazer o brilho assim de sinuelo,
E a lembrança é um açoite
Pra quem vê na noite uma flor amarela enfeitando o cabelo.

Toda distância se perde aos poucos rumando à estrada,
Léguas e a gateada, ao tranco, parece que voa,
Sabe o rumo, falta um eito,
Pois me aperta o peito uma lembrança dela que andava à toa.
"Fróxo" as rédeas e as ponte-suelas
Quebram lua e estrelas no espelho grande e fino da lagoa.

Quem tem retornos no rosto da amada junto à cancela,
E a lembrança dela numa saudade que é minha ainda,
Faz da estrada um verso assim,
Ela espera por mim com um aceno e um beijo de boas-vindas.
Flor morena, minha sina,
O teu riso é rima pra essa chacarera de lua linda.

A saudade aos poucos, dentro da noite, vai indo embora,
Largo da espora as duas estrelas quando a estrada finda,
Outro par de olhos negros
Me contam segredos desses que a noite nem sabe ainda...
A saudade é um mundéu,
Teu olhar é um céu pra essa chacarera de lua linda.