Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Funeral de Coxilha. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Funeral de Coxilha. Mostrar todas as postagens

Funeral de Coxilha

Funeral de Coxilha
(Sérgio Carvalho Pereira , Luiz Marenco)

Repousa o corpo tranqüilo
No funeral da coxilha
Terra bordada em flechilha
É o catre de quem retorna
A tarde encomprida a forma
Das guanxumas e alecrins

Não há tristezas nem fins
Na morte que o campo adorna
Não há tristeza no pio
Da perdiz ciscando a vida
Não há fim quando a partida
Vai se tornando chegada
Quem foi de campo e de estrada
Não quer melhor companhia
Que o largo da sesmaria
O luxo de uma invernada

Morreu num final de tarde
Entre pasto rebrotado
Quando uma ponta de gado
Buscava a paz de algum capão
A noite acende um clarão
Prendendo velas miúdas
Em dois olhos de coruja
No castiçal de um moirão

E o campo todo recebe
Corpo e alma em funeral
Se tornará cinza e sal
Fundida com terra e água
E o choro da madrugada
Que entre seus pêlos se entranha
Dá brilho a teia da aranha
que a macega deu pousada

Por isso que minha gente
Jamais enterra um cavalo
O campo sabe cuidá-lo
Quando pra nós tudo encerra
A natureza não erra
Ressuscita na coxilha
Nas flores da maçanilha
Graça e força sobre a terra

Morreu num final de tarde
Entre pasto rebrotado
Quando uma ponta de gado
Buscava a paz de algum capão
A noite acende um clarão
Prendendo velas miúdas
Em dois olhos de coruja
No castiçal de um moirão


Enviada por Lutiani Espelocin