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Mostrando postagens com marcador Flávio Campos Sartori. Mostrar todas as postagens
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Timbres Da Natureza

Timbres Da Natureza
(Rômulo Chaves, Flávio Campos Sartori)

A canção ganha timbres da natureza
Pela beleza que destes olhos não sai,
Esplendor que Deus criou para a gente
Nas corredeiras do belo rio Uruguai.

As águas doces trazem vida consigo
São abrigo para bichos e prá o verde,
Ainda guardam na magia de seu leito
O dom divino de saciar a nossa sede.

Que sempre viva o rio destes versos
No universo que depende destas águas,
Prá que o homem não lamente no futuro
A dor sentida de quem chora suas mágoas.

O rio canta pela voz da passarada
Na madrugada que o sol vem acordar,
Traz para alma a pureza do que é belo
Que um costeiro jamais cansa de cantar.

Párias Paridas

Párias Paridas
(Flávio Campos Sartori)

Párias paridas
Pelas ruas se vão,
Catar sobras de lixos,
Pedir esmolas,
Que confusão.
Párias paridas na contramão,
Na sucessão,
De fatos omissos.

Párias paridas acordem,
Porque os fatos são reais,
Quem tem mais não te ajudam
Onde estão os teus ideais?

Párias paridas
Jogadas ao mundo,
Não sabem seu rumo,
Nem de onde é que vieram,
Párias paridas,
Sem motivo a viver,
Pobres humanos, desumanos
Com almas de bixos.

Onde o Campeiro se Ajoelha

Onde o Campeiro se Ajoelha
(Hilo Paim, Flávio Campos Sartori, Adams César)

Essas aguadas no campo,
Refletindo o azul do céu,
Onde o campeiro se ajoelha,
Retirando o seu chapéu.

Juntando as mãos agradece,
Cumprindo com o seu ritual,
Frente a um espelho de vida,
Saciando homem e animal.

Pra quem conhece os caminhos,
Que vão do campo ao galpão,
Não se perde nos atalhos,
Por ter sentido e razão.
Sabe que o mundo é maior,
Do que nos mostra a visão,
E os invernos ficam mansos,
Ao pé de um fogo de chão.

Essas aguadas são vida,
No aconchego do galpão,
Juntando campo, água e sonhos,
Num mate à concha da mão.

É Nessas horas que o tempo,
Aos poucos muda de cor,
Pois quem gosta do que vive,
Vive tudo por amor.

Antigas Imagens

Antigas Imagens
(Sérgio Seitenfus, Flávio Campos Sartori)

De um rubro vai tisnando todo o campo.
Novas silhuetas desmentem a escuridão
E o brilho no rebrilho vibra a luz
Pintando a água, as barrancas e o coração.

Muitas imagens voltam a vida nesta hora.
Lindas índias nas águas se banhando.
Miram o espelho que cintila em muitas cores.
Esguios corpos de morena, espreguiçando.

Tantos quereres se passaram neste rio.                         
Em suas margens quantos sonhos segredados.
Quantas dores de amores sentiram tantos.
Quantos cantos em silêncio murmurados.

Levou o vento. O silêncio e o perfume.
Levou a vida. Como nuvens dissipando.
De que valeram os amores. Se só dores.
Que ficaram para lembrança no seu canto.

A realeza dessas índias se perdeu.
Já são outros os que se banham no lugar
E da história que é a glória do seu povo
Restam traços da memória do seu lar.

Identidade Farroupilha

Identidade Farroupilha
(Flávio Campos Sartori)

No vento minuano frio
Que açoita no inverno,
No braseiro do galpão
Na roda do chimarrão,
No tiro de laço certeiro,
No pealo de cucharra,
No toque da cordeona,
Duetando co’a guitarra.

Conservamos a identidade,
Do sul do nosso país,
Sementes que foram plantadas,
De ancestrais nossa raiz.
Na juventude de hoje
Que apostamos sem reserva,
Espelhados no passado
A identidade conserva.

Num mate bem cevado
De pura erva cancheada,
Na ferrada da espora
Nos dias de gineteada.
Me identifico à tradição,
À cultura do rio grande,
Veios de sangue farrapo
Que levo por onde eu ande.

Da Solidão de um Peão Posteiro

Da Solidão de um Peão Posteiro
(Flávio Campos Sartori)

Estou sozinho no meu rancho de posteiro
Só por parceiro o cusco baio fiel amigo,
Nesta invernia que começa açoitando
Com o minuano desbravando seu caminho.

Geada grande vai branqueando o pastiçal
Gelando o sal que sobrou lá no saleiro,
O gado é gordo, eu não temo a consequência
Pois minha vivência está na vida de campeiro.

Passa o tempo e eu sólito no fundão
Eu sou peão e preciso trabalhar,
Recorro o campo nos sem fins das sesmarias
Todos os dias trago em ordem meu lugar.

O patrão de vez em quando vem à estância
Pois a distância entre o povo é muito longa,
Traz minha bóia pra passar o mês inteiro
Eu sou posteiro marca grande do rio grande.

Só que os invernos branquearam minhas melenas
Não tem problema, fui eu mesmo que escolhi,
Agora velho, sem família e desgastado
Lembro o passado e me forjo a ser guri.