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JÁ SE VIERAM

 

TÍTULO

JÁ SE VIERAM

COMPOSITORES

LETRA

JOSÉ RENATO SAALFELD

MÚSICA

JOSÉ RENATO SAALFELD

INTÉRPRETE

FABIANO BACCHIERI E GRUPO ONTONTE

RITMO

 

CD/LP

3ª COMPARSA DA CANÇÃO NATIVA

FESTIVAL

3ª COMPARSA DA CANÇÃO NATIVA

MÚSICOS

 

PREMIAÇÃO

TROFÉU VEREADOR NADIR ÀVILA FERREIRA


JÁ SE VIERAM

(José Renato Saalfeld)
 
Escova no lombo, pataca na mão
Cachaça na guampa, o pala no chão
Carreira perdida, se ganha a facão
 
Ponta a ponta, rastro a rastro
É pó que levanta no impulso tenaz
Vai rasgando no seu peito
Saudades que os cascos deixaram pra tras
 
Palmo a palmo, corpo a corpo
Cavalo cancheiro, ginete aperriado
Rebenque batendo na cru cantilena
Mesclando suores de gados marcados
 
Peito a peito, casco a casco
Carreira do vento de atrás da esperança
Cancha reta, rumo torto
Correndo com a sorte, será que alcança?
 
Pata a pata, sangue a sangue
No lombo do leigo cavalga a ilusão
O pila do pala trocou de guaiaca
Na febre do jogo perdeu a razão
 
Ganhou a ilusão, perdeu a razão
Ganhou a ilusão, perdeu a razão
Ganhou a ilusão, perdeu a razão
Ganhou a ilusão, perdeu a razão
Ganhou a ilusão


DONA LUA E SENHOR SOL

 

TÍTULO

DONA LUA E SENHOR SOL

COMPOSITORES

LETRA

ROGÉRIO VILLAGRAN

MÚSICA

KIKO GOULART

INTÉRPRETE

INDIO RIBEIRO

VITOR AMORIN

FABIANO BACCHIERI

RITMO

ZAMBA CARPERA

CD/LP

12º ACAMPAMENTO DA CANÇÃO NATIVA

FESTIVAL

12º ACAMPAMENTO DA CANÇÃO NATIVA

MÚSICOS

Violão: Índio Ribeiro

Violão: Vitor Amorim

Bombo Leguero: Fabiano Bacchieri

Violão: Kiko Goulart

Guitarron: Michel Martins

Violino: Douglas Mendes

PREMIAÇÃO

MÚSICA MAIS POPULAR

MELHOR INSTRUMENTISTA – DOUGLAS MENDES

 

DONA LUA E SENHOR SOL
(Rogério Villagran, Kiko Goulart)

Dona lua, toda branca,
"Nochera" em céu destapado,
Cheia de tantos mistérios,
Num firmamento estrelado,
Senhor sol, rompendo as barras,
Estende o manto da aurora,
A noite volta pra dentro,
E o dia, surge lá fora...

Dona lua, atira um beijo,
Senhor sol, faz um aceno,
A brisa entrega o carinho,
Respingado de sereno,

Senhor sol, fica sem jeito,
Porque um campeiro da estância,
Talvez tenha presenciado,
Este romance a distância...

Dona lua e senhor sol,
Por momentos se avistaram,
E este pouco foi bastante,
Pois muito se apaixonaram,
Ficou ele com saudade,
E ela querendo ser sua,
Quando o dia, pela noite,
Trouxe o sol e foi-se a lua...

Dona lua, então sumiu,
Foi dormir no seu exílio
Mas levou dentro de si,
Os encantos de outro brilho,

Senhor sol, tão majestoso,
De uma certeza que tinha,
Bronzeou os seus carinhos,
Pra entregar pra sua rainha.
Um amor pra eternidade,
Anseios de andar buscando,
O sentido que mantém,
Um saindo, outro chegando

Mas a gana de estar junto,
Por si só se perpetua
Quando um dia a luz do sol,
Cobrir o corpo da lua.

Não Calarão Nossa Voz

Não Calarão Nossa Voz
(Rodrigo Bauer, Joca Martins)

Meu canto vem do galpão mais tosco e mais primitivo...
É um cantochão instintivo, templado a fogo de chão!
Jamais será redomão, no campo aberto escarceia...
Sem maneador ou maneia que lhe reprima o entono,
Não bajula, não tem dono, não cala nem cabresteia!

Meu verso fez as estradas, os atalhos e os caminhos...
Sempre soube andar sozinho, abrindo mato em picadas...
No ermo ou na encruzilhada só tenho Deus por patrão!
Escuto o meu coração, nenhum modismo daninho
Me leva pelo caminho dos que não tem opinião!

Protesto contra a disputa entre irmãos do mesmo canto;
Contra isso eu me levanto e entendam minha conduta:
A continuar nessa luta que põe irmão contra irmão,
Disse Hernández, de antemão, que os de fora, inatingidos,
Chegarão despercebidos e, assim, nos devorarão!

Sou parte desta querência, não sesteio em sombra alheia...
Conheço a parada feia sem tironear a existência!
Campo e rio trago na essência do barro que me gerou;
Seiva agreste que plasmou minha raça nas planuras,
Com vento que, nas lonjuras, Deus que era oleiro soprou!

Bem mais que simples cantores, somos a voz de uma raça,
Mesclando história e fumaça, estâncias e corredores...
Carreteiros, domadores, que vieram antes de nós
Seguem conosco e, após, vão prosseguir sendo eternos.
Pois mesmo os tempos modernos não calarão nossa voz!

Intérprete: Joca Martins e Fabiano Bacchieri

Ave Maria da Guitarra

Ave Maria da Guitarra
(Márcio Nunes Corrêa, Luiz Marenco)

Ave milonga pampeana, Maria dos campeadores
Rogai por nós sonhadores em cada tarde do pago
Nós que lavamos a erva pelas horas chimarronas
Enfumaçando cambonas pra disfarçar os amargos

Ave milonga fronteira, senhora dos cantadores
Que andais pelos corredores, enluarando tições
Venha abençoar os sulinos que extraviaram seu canto
E desgarraram do campo na ilusão de outros galpões

Ave milonga campeira, santa mãe dos payadores
Os que descantam amores quando a solidão se agarra
Os que encarnam as dores, todas penas do universo
E se libertam num verso, na vastidão das guitarras

Ave milonga aragana, oração das invernadas
Cruz negra que nas estradas palanqueia os caminhantes
Abençoai os marianos que, tapeando o chapéu
Firmaram marcha pra o céu na ânsia de chegar antes

Ave milonga profeta, bendição para um tempo novo
Vem batizar o meu povo que enraizou-se nas vilas
Que changueia o pão divino no portal de um cola fina
E toreia a própria sina no tenteio de alguns pilas

Ave milonga vaqueana, onde um cristão reza o terço
Berço pra um guitarreiro transpor cantiga em puaço
Vos peço com devoção que, no juízo final
Eu ressuscite, imortal, com uma guitarra nos braços

Ave milonga
Bendita prece entre as guitarras


Intérprete: Luiz Marenco


Desenredando Linhas

Desenredando Linhas
(Severino Moreira, Zulmar Benitez)

A linha do alambrado
Nunca serviu para costura
O trem só anda na linha
Guiado por linha dura
A linha do horizonte
Na retina se segura
E o índio fora da linha
Caminha para a sepultura.

Quem anda na linha reta
Não adentra em confusão,
A linha que afunda na água
Pousa na linha da mão.
A linha deste meu verso,
Agüenta qualquer tirão,
Por ter rabicho cravado,
Nas profundezas do chão.

A linha da folha branca
Também alinha os escritos
E falar por entre linhas,
Fica o dito por não dito,
Está na linha do rosto
O semblante mais bonito
Só não conheço a linha
Que demarque o infinito.

Tem a linha imaginária
Que reparte o hemisfério
Também a linha da vida,
Entroncada no cemitério
Quando uma moça “Dá Linha”,
O causo fica mais sério,
Pois não há linha que prenda,
O coração de um gaudério.

A linha dos alinhavos
Faz rodilha num torçal
Tem linha definindo raças
No sangue de um animal,
E linhas depois da vida
Que fogem do natural,
É a linha clara do bem
Ou linha turva do mal.


Cruzada

Cruzada
(Fabiano Bacchieri, Everson Maré)

Mas quem será nesse picaço frente aberta,
Que bom que seja do Rincão do Araçá
Faz tanto tempo que me fui perdi a conta
Talvez me conte como tudo anda por lá

Mas quem será naquele baio pêlo grosso,
Que pelo tranco tá com pressa de chegar
Vem pela estrada grande que vai pra cidade
Mas pelas garras e o chapéu não é de lá

Mas quem será nessa picaço frente aberta
Sou eu compadre, quanto tempo que saudade
Pra onde tu vais com a mala cheia e sem cachorro tchê?
Juntei uns pila vou me embora pra cidade

E o caro amigo?
Diga?
Pra onde vai?

Volto pro pago que há muito tempo deixei
Ver se o patrão ainda me aceita lá na estância
To com saudade da potrada que domei

Pois eu to indo
Pra onde?
Lá pra cidade

Cansei os pulso de puxar queixo de potro
Aqui no campo não vivo mais
Trabalho muito só pra enche o bolso dos outros

Que mal pergunte
O que amigo?
Porque que é que voltas?

Porque a cidade é coisa braba meu irmão
La pra um campeiro não tem lugar
A bóia é pouca e sobra muita solidão

Mas quando fostes partistes com rumo certo
Tudo acertado para a vida melhorar
Vendesse o zaino e as duas juntas de boi
E agora voltas sem mais nada ao “Deu dará”

Pois eu troquei meu rancho lindo pela vila
Troquei meu charque por um pedaço de pão
Judiei do baio que era flor nas camperiadas
Pra fazer frete juntar lata e papelão

Tu que estás indo pensa bem e troca o rumo
Banca na rédea o teu picaço e vem comigo
Não deixe o campo que é teu mundo e tua alma
Bota tenência nesse conselho de amigo

Se é tão difícil a vida assim lá na cidade
Se a realidade é tão cruel e tão mesquinha
Vou afrouxar a boca de volta pro pago
Se andar ligeiro chegamos de tardezinha

Pra toma um mate com cheiro de madrugada
Aliviana um tostado estrela pra carreras
Treina uma senha pra surra num truco cego
Pechá boi gordo na saída da mangueira

Acertá o pulso num tiro de volta e meia
Frouxar o corpo na bailanta do Bastião
Abrir o peito numa milonga campeira
Na humildade e na grandeza de um galpão

Bueno, vamo embora se não a chuva nos agarra
Só um pouquinho que eu vou aperta as garra
Tu deve andar com uma certa saudade do teu rancho
Ah, não imagina meu amigo...

Pra toma um mate com cheiro de madrugada
Aliviana um tostado estrela pra carreras
Treina uma senha pra surra num truco cego
Pechá boi gordo na saída da mangueira

Acertá o pulso num tiro de volta e meia
Frouxar o corpo na bailanta do baciao
Abrir o peito numa milonga campeira
Na humildade e na grandeza de um galpão


Aquel Viejito


Aquel Viejito
(Hélvio Luis Casalinho, Fabiano Bacchieri)

Ayer estuve em aquel rancho amigo
Pa escuchar al hombre que mucho me há dicho
Me alzo um mate y se quedo callado
Em um silencio que yo nunca he visto.

Aunque su brazo temblando estuviera
Cebava em calma y lo hacia sabroso
Y me dijo siempre que mate lavado...,
Solo después de haberse muerto.

Entonces, suave, le hable despacio
- porque el silencio em um dia tan claro?
Y el viejo pronto contesto tranqüilo
...- hoy solo quiero mirar tu sonrisa.

Y asi em mi pecho como um potro alzado
Mi corazón se puso a abrir a golpes
Y comprendi que solo escucharia
El ronco amargo y el tarariar del fuego.

Y alli yo supe que no más tendria
Las cosas buenas que el viejito hablava
Quien sabe em reza com mi tata dios
Mate la sede de las tardes serenas...



Onde Andará


Onde Andará
(Gujo Teixeira, Joca Martins, Fabiano Bacchieri)

Onde andará a silhueta desses antigos campeiros
Que desenhavam saudade na fumaça dos palheiros
E madrugavam setembros na voz clara dos braseiros

Onde andará a "mañanita" dos mates de gosto bueno
Da encilha dos gateados contraponteando o sereno
E a humildade dos ranchos guardando sonhos morenos

Onde andará o verso claro ponteado numa canção
Que se espalhava em floreios pelas tardes do galpão
E matizavam campeiros ao som da gaita e violão

Onde andará a tarde longa das ressolanas campeiras
Onde a alma desses tantos cruzava além da porteira
Pra o mundo das invernadas por não saber das fronteiras

Por onde andará o semblante de um avô maragato
Que eternizou seu silêncio na moldura de um retrato
E dos seus causos antigos desses campeiros de fato

Quem sabe andam perdidas na saudade dos avós
Ou presas dentro do peito querendo saltar na voz
Mais bem certo elas se acham guardadas dentro de nós

Ponta De Lança

Ponta De Lança
(Márcio Nunes Correa, Fabiano Bacchieri)

Da minha tropilha crioula
Que mal chegou do banhado,
Trazendo barro encruado
Cardando pêlo e crina

Aparto o mouro tapado
Pra sentar um cogodilho
E acomodar meu lombilho
Pra lida que é minha sina

Quando encilho pra rodeio
Minha rosilha prateada
Uma corneta afiada
Vai desenhando o pescoço

Sento um de passarinho
Pra depois correr um cacho
Desses de amansar debaixo
Só pela arte de moço

Por isso que de a cavalo
Num pingaço bem tosado
Me sinto tão arranchado
Na querência tricolor

Porque me gusta demais
A contradança parelha
Da franja lambendo orelha
De um gateado escarceador

Pelos Vinte de Setembro
Numa zaina amilhada
Que abanando a cola atada
E embalando o meio-toso

Faz a sua reverência
Firmando a marcha troteada
Na avenida que é a morada
Pra o campo fazer seu poso

Que lindo um ponta de lança
Num curso bem calibrado,
Em matungo bem tosado
Um defeito vira nada.

Se o toso for beliscado
Eu tenho uma lei sulina:
Faço um de cola e crina
E devolvo pra invernada

Por isso que de a cavalo
Num pingaço bem tosado
Me sinto tão arranchado
Na querência tricolor

Porque me gusta demais
A contradança parelha
Da franja lambendo orelha
De um gateado escarceador

Contraponto

Contraponto
(Paulo de Freitas Mendonça, Fabiano Bacchieri , Cristiano Quevedo)

Esse meu jeito de alçar a perna
De mirar ao longe o horizonte largo
É o contraponto de beber auroras
Quando cevo a alma pra sorver o amargo

Esse silêncio que me traz distância
Que me agranda o canto entre campo e céu
É o contraponto de acender o fogo
Meço um metro e pouco da espora ao chapéu

Essa coragem de pelear de adaga
De ser um gigante pela liberdade
É o contraponto de ajuntar terneiros,
De acenar aos velhos e ter humildade

Essa audácia de buscar o novo
Sem pisar no rastro ou reacender as brasas
É o contraponto de ter prenda e filhos
E ficar tordilho ao redor das casas.

Flor De Tapera


Flor De Tapera
(Fernando Soares, Juliano Gomes)

Ao trote pego o rumo dessa estrada
No findar da madrugada, quero apear na tua cancela
Pois brilha teu olhar de lua mansa
Num compasso que balança, refletido na barbela.

O cheiro do orvalho que apeia
Numa flor de pitangueira, quando cruzo na tapera
É o mesmo que se encontra perfumado
Na querência dos teus lábios, me esperando na janela.

Florzita de campo, flor de tapera
Teu doce de encanto, de tiro no campo
Pra um sonho de espera
Florzita de rancho, bordando a janela
Semblante moreno, olhar com sereno
Desta primavera.

O vento, molda a pampa de canhadas
Pra estender longe a mirada, sobre o vasto das flechilhas.
E o casco, encurtando meu caminho
Pra cruzar com teu carinho, no afrouxar da presilha.

Os olhos com lampejos na mirada
Quando apeio na ramada, me acenando da janela
E os lábios murmurando querendona
Pitangueados pelo aroma, que roubou de uma tapera

Florzita de campo, flor de tapera
Teu doce de encanto, de tiro no campo
Pra um sonho de espera
Florzita de rancho, bordando a janela
Semblante moreno, olhar com sereno
Desta primavera.