Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Erlon Péricles. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Erlon Péricles. Mostrar todas as postagens

RECUERDOS DE UM BEM QUERER

Título
RECUERDOS DE UM BEM QUERER
Compositores
LETRA
ÉRLON PÉRICLES
MÚSICA
ÉRLON PÉRICLES
Intérprete
PIRISCA GRECCO
Ritmo

CD/LP
1º CANTO NATIVO
Festival
1º CANTO NATIVO
Declamador

Amadrinhador

Premiações


RECUERDOS DE UM BEM QUERER
(Érlon Péricles)

Voltei no tempo recordando que fui rei
Fui coroado dono do seu coração
Abençoado, apaixonado, até pensei
Que não teria mais a dor da solidão

Mas que bobagem, tudo passa, hoje eu sei
Teu bem querer foi um cristal que se quebrou
O teu amor foi uma chama que apaguei
A cada lágrima que o sonho derramou

Conto de fada, encantamento, fantasia
Uma alegria muito intensa que se foi
Nuvem cinzenta que chegou nublando o dia
Uma ferida que agora já não dói

Meu coração fechou-se assim a sete chaves
Minha emoção foi procurar outros caminhos
Eu descobri o quanto é triste uma saudade
Da flor do amor só me sobraram seus espinhos

Hoje o coração recorda
Mas não sente falta de quem não lhe quis
Anda por aí a toa
Para quem perdoa a vida é mais feliz.


ENTRE EL RIO Y EL ARENAL

Título
ENTRE EL RIO Y EL ARENAL
Compositores
LETRA
JOÃO SAMPAIO
MÚSICA
DIEGO GOULART MULLER
ERLON PERICLES
Intérprete
SHANA MULLER
Ritmo
CHAMARRITA
CD/LP
4ª ALDEIA DA MÚSICA DO MERCOSUL
Festival
4ª ALDEIA DA MÚSICA DO MERCOSUL
Declamador

Amadrinhador

Premiações


ENTRE EL RIO Y EL ARENAL
(João Sampaio, Diego Müller, Erlon Péricles)

El sol fuerte como un fuego
Arriba del naranjal
Y mi vida de paisano
Entre el rio y el arenal
Llevo un rio en mi sangre roja
Que tiempo adentro se vá
Mariscando canciones viejas
Que tengo en mi pecho avá

Soy patrón del horizonte
Resero de agua y cielo
Canto un canto cimarrón
Que aprendi con mis avuelos
Vivo lindo en mi ranchito
Yo y Diós cerca del rio
Alzando en la noche um canto
Aromado de rocio
Rio y vida, rancho y catre
Sol ardiente y naranjal
Mi sueño cayó del alma
Entre el rio y el arenal

Tengo un viejo m’baracá
Y una linda verdulera
Donde saco chamamés
Y alguna polka campera
Cuando la noche me embruja
Con perfumes de irupê
Toco algo de otros tiempos
Cantando en aváñe’é.


DIÁRIO DE UM FRONTEIRIÇO

Título
DIÁRIO DE UM FRONTEIRIÇO
Compositores
LETRA
ÉRLON PÉRICLES
MÚSICA
ÉRLON PÉRICLES
Intérpretes
RICARDO MARTINS (CD - 33ª CALIFÓRNIA)
RICARDO MARTINS ( CD – 18º PONCHE VERDE)
ÉRLON PÉRICLES (CD - NA ESTRADA DO SUL)
LEÔNCIO SEVERO (CD – PÁTRIA DE CAMPO)
Ritmo
CHAMARRA
CD/LP
33ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA – CD
18º PONCHE VERDE DA CANÇÃO GAÚCHA - CD
NA ESTRADA DO SUL – CD
PÁTRIA DE CAMPO - CD
Festival
33ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
18º PONCHE VERDE DA CANÇÃO GAÚCHA
Declamador

Amadrinhador

Premiações
1º LUGAR – LINHA CAMPEIRA (33ª CALIFÓRNIA)
MELHOR ARRANJO (33ª CALIFÓRNIA)
MELHOR INSTRUMENTISTA – RICARDO MARTINS (33ª CALIFÓRNIA)


DIÁRIO DE UM FRONTEIRIÇO
(Érlon Péricles)

Permiso, paysano! Que eu venho judiado
O sol na moleira, a vida campeira batendo os costado
Permiso, paysano! Pra um mate cevado
Que eu ando na estrada com a vida encilhada, tocando o cavalo

Sou da fronteira, me pilcho a capricho
Potrada é de lei, da lida que eu sei, aperto o serviço
Meio gente, meio bicho, ninguém me maneia
Louco das idéias, sou duro de queixo

Um trago de canha, os amigos de fé
O pinho afinado, tocando milongas e algum chamamé
Com a alma gaúcha e um sonho dos buenos eu guardo a querência
A vida anda braba, e só mete a cara quem tem a vivência

Ah! Livramento me espera, num finzito de tarde
Um olhar de saudade a mirar da janela
Lá, onde o xucro se amansa
Na ânsia do abraço eu apresso o passo pra matear com ela.

Quando A Tropa Está Estourada

Quando A Tropa Está Estourada
(Ramiro Amorim, Erlon Péricles)

Mormaceira, tarde quente, no céu um corvo agourento ,
Campo quieto, nenhum vento, a tropa vinha abombando,
“Eu de cá” não achei graça quando se armou pro Sul,
Enegreceu o céu azul e a manga veio estourando.

Nisso o lote da ponta enveredou no aramado,
O seu Marcos assustado correu o facão nos fios,
Dois ficaram a cuidar da tropa no corredor...
“Eu de cá” fui de fiador, costeando a margem do rio.

Disse o Nelson, há bem pouco, ter visto formiga de asa,
Tacuru que abriu a casa sabendo que vinha água,
“Eu de cá” pensei que era uma chuva de verão,
Não uma tormenta osca de deitar as crinas no chão!

"Oito campeiro e três cusco" a repontar esses bois,
Bem certo eram vinte e dois, no total cento e quarenta,
Duas horas de tormenta, cachorro, estalo de relho,
Um boi pampa bem parelho caiu sangrando na venta.

Trovão, ventania e raio de enxergar o pago inteiro
A água pelos bueiros arrebentava os gargalos.
Lembro tudo o que falo, pois pouco adiantou a cuscada,
Quando a tropa está estourada precisa mesmo é cavalo.

Têm coisas que a gente pensa e mesmo com experiência
Pelas lidas da querência, patacoadas e atropelos ,
Perde o fio do novelo, fica a cismar onde errou,
O primeiro que desgarrou era manso e era sinuelo.

A chuva se foi num upa, o temporal ganhou mundo,
Olhares quietos, profundos, nos semblantes encharcados,
Alinhamos todo o gado e nenhum chego no rio,
Perdemos só o que caiu no lançante pro banhado.

Intérpretes: Ângelo Franco, Cristiano Quevedo


No Calor das Labaredas


No Calor das Labaredas
(Gujo Teixeira, Érlon Péricles)

Vou guardar estes momentos
Que há muito tempo procuro
No mesmo clarão maduro
Da lua potra sinuela
Que repontou uma estrela
Pra me guiar no escuro.

E a mesma noite que antes
Era silêncio e tapera
Já floresceu primaveras
Pelos campos da morada
Pondo rosas coloradas
No caminho das esperas.

E o rancho se encheu de risos
E o vazio virou oposto
Para os rigores do agosto
Que me mostraram depois
Que o mate tomado a dois
Sempre tem o melhor gosto.

Então quando os meus olhos
Campeiam os dela por perto
Revelam o rumo certo
Pra um coração sem fronteiras
Que às vezes acha porteiras
Mesmo estando liberto.

Quando chega a madrugada
Vestindo rendas e sedas
Trazendo das alamedas
Um vento feito oferenda
Vou me aquecer junto à prenda
No calor das labaredas.


Pra Quem Larga Um Sapucaí


Pra Quem Larga Um Sapucaí
(Alex Silveira, Érlon Péricles)

Pra quem larga um Sapucaí
Com entono de índio pampa
A terra treme na volta
Quando um touro afia a guampa

Ginete em basto oriental
Lá pras bandas do Uruguai
Faz um veiaco berrar
Pra se mesclar ao Sapucaí

Marcação de estância grande
Yo lo creo num pealo
Cai touro e levanta boi
Que o capador é bem galo

Por isso é que o Sapucaí
Mostrando a selvagem estampa
Percorre as varas do peito
Sai do brete da garganta

Minha alma fica mais xucra
Com a voz de um cantor campeiro
Cantando as coisas do pago
No seu estilo fronteiro

Meu verso mete o cavalo
Abre a porteira e se vai
Esbarra e saca o sombreiro
Pra quem larga um Sapucaí

Instintos


Instintos
(Zeca Alves, Érlon Péricles)

No campo o sereno, o pasto e a macega
E os olhos vidrados da égua parida;
É a sina dos guachos, que o tempo não erra...
Botando sentido no ciclo da vida

No céu da querência uma cruz de asas largas
Fazia da sombra o agouro à partida,
E as garras afiadas enchiam de medo
Os olhos da cria que mal foi lambida.

Um vento abafado soprava do norte
E armava outro bote a cruzeira em rodilhas,
Por certo sabendo que a sobrevivência...
Peleia co' a morte por sobre a coxilha.

A lei do mais forte num voo rasante
Mostrou equilíbrio entre o campo e os seus;
Do instinto da cobra ao do velho carancho,
A vida renova-se aos olhos de Deus.

O tempo no campo consome a carcaça
E a égua renasce na origem da cria,
No bico, o carancho degusta sua presa...
Co'a própria frieza que a mesma teria.

Um vento abafado soprava do norte
E armava outro bote a cruzeira em rodilhas,
Por certo sabendo que a sobrevivência...
Peleia co' a morte por sobre a coxilha.

A lei do mais forte num voo rasante
Mostrou equilíbrio entre o campo e os seus;
Do instinto da cobra ao do velho carancho,
A vida renova-se aos olhos de Deus.

Água no Fogão


Água no Fogão
(Carlos Omar Villella Gomes, Túlio Urach, Érlon Péricles)

Toda manhã eu me levanto cedo,
Vou lavando a cara, água no fogão
Boto o rádio numa FM
Dessas que se perdem por um milongão
Lá vem o Jayme declamando uns versos
Se eu tava disperso, já não to mais não

Um Guarany vem me contar segredos
E eu percebo as coisas que tenho na mão
Eu sinto em mim uma Felicidade
Que só Lupicínio pôde descrever
Veio do campo, ganhou a cidade
E eu sei que me invade meio sem querer

Quero domingo uma guerra santa
Pra incendiar o "Porto", que vai ter GRENAL
Enquanto isso nos fundões do estado
A plateia vibra "n’algum" festival

Rica essa terra que vem qual enchente
Carregando a gente pra tanto lugar
Olha dois "loco" tangueando tragédias
Nos mostrando a Sbórnia que hay no seu cantar
Coisa mais linda ter um Silva Rillo
Pra rodar seu canto por todo Brasil
Fazendo rima com essa força "loca"
Que verte da boca dos irmãos Ramil

Vi como o mundo fica diferente
Quando a alma sente o cantar da Elis
Vi como o Oscar quase achou seu trilho
Rumando pra serra do sul do País

Água ferveu, vou esquentar de novo
Mas vi que este povo tem amor ao chão
E eu sigo ao tranco dessa FM
Que quase se espreme n’outro milongão!

Toda manhã eu me levanto cedo
Toda manhã eu vou lavando a cara
Toda manhã, Água no Fogão!!!

Pala da Noite


Pala da Noite
(Carlos Omar Villela Gomes, Érlon Péricles)

A lua é um buraco de bala no pala da noite
Oigalête mas que mira do atirador
Ou tava atirando pra cima por rabo de saia
Ou tava fazendo tocaia pra Nosso Senhor

A bala furou este pala, presente do dia
Um pala de seda e poesia que a noite vestiu
E a noite coçada de bala ergueu Três Marias
Tentando bolear de vereda a quem lhe agrediu

Já tava armada a peleia bem lá nas alturas
A noite de pala furado de raiva tremia
Quem foi o bandido sem alma que só por maldade
Fez mira no pala da noite regalo do dia?

Mas Deus já cansado de guerra pediu uma trégua
Pra noite que tava tão cega de raiva e de frio
A noite largou Três Marias erguendo Cruzeiro
E o céu se amansou novamente no sul do Brasil

Num fundo de campo tranquilo Blau Nunes pitava
Foi só um balaço por farra, ninguém se pisou
E a noite ainda hoje bombeia querendo vingança
Blau Nunes é lenda e a história Simões não contou

Carreira de Campo


Carreira de Campo
(Gujo Teixeira, Érlon Péricles, Ângelo Franco, Pirisca Grecco)

Era uma tarde qualquer
Volta pras casas da lida
Ia um gateado e um tordilho
Cruzando a várzea estendida.

Ia um índio no gateado
No tordilho outro campeiro
Um de pala a meia espalda
O outro de lenço e sombreiro.

Se largaram em paleteio
Que um olhar firma a carreira
desde as duas corticeiras
Até o cruzar da porteira.

É a rédea frouxa na mão
Contra uma espora segura
Quem sabe é por pataquada,
Por honra ou por rapadura.

Só sei que bem pareciam
dois tauras em disparada
uma carga de combate
Mas era só carreirada...

Hace tiempo no se via 
Uma carreira tão parelha
Era fucinho a fucinho 
Era orelha com orelha...

A várzea ficou pequena 
Pra mostrar como se faz
Uma carreira de campo 
Saltando barro pra trás.

O gateado mais ligeiro 
Que um tirambaço de bala
Cruzou o vão da porteira
Com o índio abanando o pala.

No tordilho outro balaço
Cruzou ligeiro num facho
Chapéu tapeado na aba
Mas firme no barbicacho
Quem perdeu e quem ganhou
Cruzaram assim num repente
Um diz que cruzou primeiro
O outro que ia na frente.

Desenlace


Desenlace
(Vaine Darde, Érlon Péricles)

Há um silencio inquebrantável pela casa
Roupas rotas em desordem pelo chão
Trastes tristes denunciando o desenlace
E uma ausência povoando a solidão

Não há trilhas para as tralhas em desuso
Nem motivos para os mates matinais
Resta o rastro de um perfume que se evade
E que arde cada dia um pouco mais

Mesmo vaso ao descaso chora a rosa
Cada pétala uma lágrima de dor
Falta d’ água farta mágoa se desfolha
Dia – a – dia a samambaia em desamor

Nunca mais os lençóis brancos no varal
Qual bandeiras num quintal de arrabalde
Sem fumaça de monturo ou chaminé
Dói na casa em cada tábua um saudade

Laço frágil de romance em desenlace
Dor sem fim nos confins da solidão
Quando a casa já sem causa fechas as portas
E decide residir no coração

Quadros Campeiros Do País Dos Gaúchos

Quadros Campeiros Do País Dos Gaúchos
(João Sampaio, Erlon Péricles, Elton Saldanha)

O sol rubro no horizonte
Vai se sumindo ao tranquito,
Parece um fogo alumiando
Os repechos do infinito.
No ermo da costa do mato
O vento assobia e corta,
E um taura atira uma flor
Na cruz da lembrança morta.

A lua num pala branco
Lá nos manguerões do céu,
E um João grande triste acena
Um branco adeus a lo léu...
Um paisano solitário
Vai chiflando em tom profundo,
E milongueando recuerdo
Nas noites ermas do mundo.

Ali... Onde o vento uiva...
Pedindo que alguém decifre,
Um touro escarvando terra
Levanta a pátria nos chifres...
E eu cantando milongas
No chão mais gaucho que existe!

Ecoa distante o canto
De um galo madrugador,
Um campeiro faz a ronda
Com a tropa no corredor.
Uma carreta toldada
Tempo adentro rechinando,
Um causo a beira do fogo
De quem se patriou peleando.

Um contrabando na noite
Antes que clareie o dia,
Um cusco agarra um tatu
E uma ovelha lambe a cria.
Um grilo vai canturiando,
Um relincho dum aporreado,
Um parelheiro na soga
E um cantante apaixonado!

Fazendo Cerca

Fazendo Cerca
(Binho Pires, Érlon Péricles)

Corta taquara pra alinhar a cerca
Que não tem perca essa porfia
Moceia as trama, fura os palanques
Até de tarde atemo as guia...

Vou cavoucando na tabatinga
Essa restinga “ta” me judiando...
Lajedo brabo, fundão de passo
E eu vou no braço me sustentando...

A maderama toda de lei
Classifiquei na moda “véia”
Só puro cerne que eu vou socando
E vai ficando que é uma “tetéia”

Vamo cortando cerro e canhada
Pouca risada, muita labuta
De noitezinha me vou pra vila
E deixo os pilas lá no *“chicuta”.

Cava que cava, soca que soca,
Fura que fura, bota que bota,
Que nem tatu, abrindo toca,
Fazendo cerca na bossoroca.

Estronca forte, mestre de angico
Firma o rabicho e vai tenteando
Mordente e gancho, braço e corrente
Ringindo os dentes vamo estirando

São cinco liso e depois o “farpa”
Que dão as cartas nesse tirão
Cerca gaúcha, campo e rodeio
De dar costeio até em lebrão

É timbaúva, rincão do ipê
Oigaletê, taquarembó,
É a bossoroca velha tronqueira
Bem missioneira como ela só.

*salão de baile tradicional nos pagos da Bossoroca

Bem Gaúcho Deu Pra Ver

Bem Gaúcho Deu Pra Ver
(Gujo Teixeira, Érlon Péricles, Ângelo Franco)

Que taura bem entonado aquele que vem na estrada
Vem numa pose de chefe, embora não mande nada
Vem faceiro escramuçando uma rosilha bragada
Que não come o ano inteiro, mas em setembro é amilhada

Os “arreio” do pachola, até se param “engraçado”
É um xergão de carda grossa, mas pequeno e desfiado
Pra sentar bem a carona, de couro seco empenado
Vai um basto duas “cabeça” da marca “Lombo Pisado”

Um loro de cada de cada pêlo, por supuesto remendado
Estribos de dois tamanho, um liso e um “trabaiado”
Sem se falar dos “pelego”, tingido e já punilhado
E a cincha no osso do peito, com uns 8 fio remendado

E assim se vai pela estrada, pachola abanando os “trapo”
Se sentindo um farroupilha, muito mais do que um farrapo
Com a mesma fibra de antes que a História mostra o porque
Embora meio estropiado, bem gaúcho, deu pra ver

Bem gaúcho, deu pra ver, assim se vai pela estrada pilchado no próprio ser

Vai num bocó nos “arreio”, Creolin e umas “bolacha”
No outro pra contrapeso, meio litro de cachaça
Nos tento duro e sem sova um laço de 12 braça
Remalhado “quaje” todo e há mais de ano não laça

Os “apero” corda chata são de feitio caprichado
Da marca do velho Guiba, por ele mesmo emprestado
Da pilcha nem se comenta, é uma bombacha amarela
E umas espora bem grande pra conversar com a barbela

Chapéu desabado e torto, um lenço azul, desbotado
Por sobre a camisa branca, com nome de um deputado
Faca de prata e revólver abraçados na guaiaca
Com 120 moedas que valem mais do que a faca

Don Alejo E Seus Mijados

Don Alejo E Seus Mijados
(Rafael Ovídio da Costa Gomes)

Um fiambrezito na mala
Uma cabeça de oveia!
Fumo bueno de Artigas
Que inté as vista tonteia!

Diz que tem teia de aranha
Que estanca o taio na veia
E um punhadito de barro
Que é pra picada de abeia.

Tem um preparo de yuyo
Que é coisa de benzedeira
Que inté o fungo dos brabo
Logo do couro se apeia...

Tem uma oreia de lebre
Assinalada com chumbo
E um poemita criollo
Pra recitar lá no Funcho!

Lá se vai, lá se vai...
Um cusquito no costado,
Ao tranquito pela estrada
Don Alejo e seus mijados!

"Tem rapadura das dulce
Que inté as chapa careia
E uma gurupa de alpagarta
pra potro que se aporreia..."

"Tem um baraio de truco
Que é pra pentiá os calavera
E uma tava pro jogo
Nos domingos de carreira..."

Yerba fuerte de Libres
Comprada no La Frontera,
Uma trança de china
E um santito de madeira

Tem um sombrero de aba larga
Que tapa o sol na moleira
E uma adaga de prata
Pra manusear nas peleia!

Oração Do Pescador

Oração Do Pescador
(Érlon Péricles)

Chalaneiro do rio Uruguay,
Pescador do Ibirapuitã;
Pelo leito teu barco se vai,
Recorrendo espinhéis nas manhãs.

Peixe arisco que é sonho e que é pão...
Sina rude que a água abençoa,
O sustento a guiar tua mão
No balanço da tua canoa.

Linha de espera, anzol, o barco a cruzar!
Bata teu peito n’ água se precisar...

Nossa senhora dos rios
Mãe, Rainha, te proteja!
Guarda teus rumos ribeiros
E a fartura em tua mesa.

Pescador, pescador, pescador...
Em cada noite escura mais um desafio
Pescador, pescador, pescador
Destino pescador que vai descendo o rio.


Intérprete: Shana Muller

Campeira

Campeira
(Érlon Péricles)

Campeira, a trança do meu doze braças
Que eu mesmo trancei.
Campeira, uma recorrida do fundo de campo
Num pingo de lei.
Campeira, a espora roseta prateada
Firmando o garrão!
Campeira, a indiada gaúcha de campo e mangueira
Que agüenta o tirão!

Campeira lida de campo,
Desperta ao cantar do galo...
Vamo atracando o cavalo,
De rédea firme na mão!

Campeira lida de campo,
Costume aqui do meu pago.
Campeira é a alma que eu trago,
Ao desencilhar no galpão!

Campeira, a velha cambona
Encostada nas brasas do fogo de chão.
Campeira, minha botonera
Que vai se espichando e amadrinha o violão!
Campeira,a graxa que pinga
Do quarto de ovelha no pé do tição
Campeira, saudade que trago
Daquela morena que é flor do rincão!

Intérprete: Cristiano Quevedo