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Mostrando postagens com marcador Dilamar Costenaro. Mostrar todas as postagens
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O Poder Da Palavra

O Poder Da Palavra
(Dilamar Costenaro, Gilberto Trindade, Xuxu Nunes)

No princípio era o verbo, e o verbo era com Deus,
Que à Sua semelhança, fez o homem, filho Seu.
A história ganhou começo, da palavra proferida,
E a voz tornou-se oração na fé que alicerça a vida.

Quando o silêncio se rompe esse dom se profetiza...
Balizando o bem e o mal, com igual peso e medida,
O tempo que nunca mente sabe medir a opinião,
E aos poucos vai demonstrando ser o senhor da razão.

Cada dito tem seu preço, na equação da sentença,
Embora cada consciência saiba aquilo que fala...
Ninguém cobre com o pala mentira e falsidade!
Pois no íntimo a verdade tem voz e jamais se cala!

O homem refaz caminhos e retempera sua conduta,
E a vida ensina silente, que aprende mais quem escuta.
Pois o silêncio é a razão que se cala à sua vontade,
Sem precisar falar nada sempre revela a verdade.

O sentido da palavra mede o valor que ela tem,
Falando quando é preciso, e ouvindo quando convém.
A fala em sua essência pede coerência e calma,
Pra virtude de quem ouve alimentar sua alma.


O Poço O Piá E O Tempo

O Poço O Piá E O Tempo
(Dilamar Costenaro, Valdir Disconzi, Xuxu Nunes)
                                                                                         
Poço de balde que tanto matou a sede, 
Cuidou da infância de um menino, qual fui eu,
Espelho d’água que reflete sóis e luas,
Guardou segredos que a própria vida esqueceu.

Seu velho balde hoje enfeita um jardim,
Chegou ao fim o sobe e desce em alvoroço,
A manivela foi espaçando os rangidos,
E pouco a pouco, silenciou a voz do poço.

Saibam que o tempo nos leva pelo cabresto,
Coisa que o balde naquele poço aprendeu,
E aquelas águas que estamparam um piazito,
Guardam a imagem de um moço que envelheceu.

A lida bruta sempre consumiu seus dias,
E o bom campeiro foi gastando a vida, assim.
Tal qual o poço que ficou no esquecimento,
A solidão, também costeia o seu fim.

Nessa quietude, mergulha em seus devaneios,
E vez por outra vai ao poço e se demora,
Cansa seus olhos, numa procura paciente,
Buscando o moço que ele não viu ir embora.


Em Outra Vida Quem Sabe


Em Outra Vida Quem Sabe
(Dilamar Costenaro, Miguel Marques)

Esta noite meu filho, contigo sonhei,
Te via correndo feliz a brincar,
Nesse sonho não tinha doença nem dor,
Tão pouco motivo algum pra chorar.

Em teu rosto um largo sorriso menino,
E nos olhos o brilho da luz do luar,
Quem sabe eu durma pra sempre meu filho,
Porque desse sonho não quero acordar.

Será que a vida nos dará outra chance,
Onde eu possa dizer que te amo de vez,
Quem sabe andar de mãos dadas contigo,
Trocarmos segredos e sermos amigos,
Ou brincar de ser pai e filho outra vez...

No caminho ficaram os planos e sonhos,
A longa estrada tão cedo findou...
Gostaria que Deus mandasse de volta,
O meu filho amado, que Ele levou.

Sigo em frente sem perder o meu rumo,
A luz do teu brilho guiando meus passos,
Do céu me inspira escrever poesia,
Te vejo em cada poema que faço!


Quando os Verões Trazem Secas


Quando os Verões Trazem Secas
(Xuxu Nunes, Dilamar Costenaro)

O sol estridente tremendo o horizonte,
E longe bem longe uma nuvem solita,
Só traz a certeza que a chuva demora,
E na angústia da seca a alma se agita.
A terra sedenta secou as cacimbas,
O berro do gado campeia uma aguada,
No pasto minguado, do campo já raso,
E a sede se agranda na tarde abafada.
O campo cinzento perdendo seu pelo,
A vertente cansada dos olhos da gente,
Aumentaram as ânsias na falta da chuva,
E acendeu-se uma vela na prece indigente.

Nesses verões em que o cinza se deslumbra,
E a sequidão traz prenúncios de tristeza,
Somente a chuva pra curar as cicatrizes,
E trazer vida às cores da natureza.

O dia se achega no lombo da aurora,
E o norte aflora ponteando aguaceiro,
Quem sabe no céu ouviu-se uma prece,
Trançada nos tentos da fé dum campeiro,
Trovejo e “relâmpo” riscando o horizonte,
E o negro do poncho cobriu a invernada,
As águas saciam a sede dos campos,
Verdejando o pasto, coxilha e canhada.
A alma se acalma ao cheiro da terra,
E um ar de tapera rodeia o galpão,
A paz se estende aquietando à tarde,
E a seca se acaba em mais um verão.


Pra Falar de Amor


Pra Falar de Amor
(Dilamar Costenaro, Xuxu Nunes)

Minha companheira,
Parceira do dia a dia,
Amiga, esposa, guria,
Dona dos meus pensamentos,
Sei que em todos os momentos,
Sempre estarás comigo,
Encontrei em teu abrigo,
A ternura tão sonhada...
Contigo irei nessa estrada,
Entre flores ou espinhos,
Pois, se estás ao meu lado,
Qualquer rumo a ser traçado,
Será o melhor caminho.

Se eu for falar de amor,
Palavras irão faltar...
Não sei como traduzir,
O sentimento de amar.
O amor que existe em mim,
Se traduz sem explicar...
Se realiza ao sentir,
Não é preciso falar.

Vejo em teus olhos a vida,
Que há muito busquei pra mim,
Nesse teu amor sem fim,
Repouso meu coração,
E na tua mansidão,
Vejo um futuro abençoado,
Um orgulhoso passado,
Pra deixar como herança,
És pura como criança,
Sem maldade nem rancor,
Semeia a paz e a alegria,
E ilumina meus dias...
Com todo teu esplendor.

Remendando Sonhos


Remendando Sonhos
(Dilamar Costenaro, Xuxu Nunes)

No fio de sua tesoura,
Corta o mal pela raiz,
Nos moldes de tua história,
Faz prosperar um país,
Traça o destino de um povo,
No teu riscado de giz,
Como mãe dá o exemplo,
Pra quem ainda é aprendiz,
Traz alegria nas cores,
Pro mundo ser mais feliz.

No pedal leva os sonhos,
Das linhas faz melodias,
Costura trapos de tempo,
Pra remendar os meus dias.

Alinhavando as promessas,
Caseando estradas a fio,
No ponto à ponto os segredos,
Que sob medida ouviu,
Faz o peão fica entonado,
E a prenda ter mais brio,
O calor do teu abraço,
Me aquece em dias de frio,
Só quer reconhecimento,
Do mundo que ela vestiu.

Brinquedos


Brinquedos
(Dilamar Costenaro, Sidenei Almeida)

Quando parei de brincar de faz de conta,
Que me dei conta, já não era mais guri,
Não escuto os brinquedos me chamarem,
Mas em que mundo afinal eu me perdi?

Pra onde foi o meu trabuco de madeira?
O gado de osso se perdeu pelo capim,
As “bulitas” não trago mais na gibeira,
O trem de lata a ferrugem deu um fim.

Minha arapuca esqueci lá no capão,
No potreiro perdi meu laço de embira,
Meu cavalo puro sangue de taquara,
Foi embora levando as rédeas de tira.

Os brinquedos que eu brincava se extraviaram,
Pela vida que passou e eu nem vi,
Quando tento em vão achar, vejo que o tempo,
Levou embora os brinquedos e o guri.

Onde estão os meus brinquedos? -Me pergunto.
Viraram pó, feito a bola de carpim?
Se esconderam afinal, por trás dos cerros?
Ou quem sabe num lugar dentro de mim!

Minha carreta puxada a bois de sabugo,
Pela estrada foi sumindo de mansinho,
O meu cusco companheiro das caçadas,
Morreu junto com o mundo do piazinho.

E assim na ilusão dos meus brinquedos,
Eu brincava de ser homem na infância,
E na pressa de crescer eu perdi tempo,
Me fiz homem pra brincar de ser criança.