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Despedida

Despedida
(Vasco Velleda, Severino Moreira, Tiago Cesarino)

Fechei o último baio
Tomei o último amargo
Deixei o resto de mim,
E me larguei pelo pago.
Vai ao tranco meu cavalo
Que a sorte é mesmo assim
Vem comigo meu cachorro
Fazendo fiador para mim.

Não quis olhar para trás
O que tinha não quis ver,
Mas minha alma enxergava
E me fazia sofrer
No mais não deixava nada
Na face crua do chão
Afora a marca afundada,
Com a forma do meu garrão.

Indefinido destino,
Na incerteza do amanhã,
Sem a vastidão do campo
Sem o canto de um tahã.

Eu só levava comigo
Um retrato amarelado,
Uma estampa torena,
Um semblante enrugado,
Minha escola de campo,
Meu acervo sagrado,
... Semblante terno do avô,
Que a terra tinha levado.

Um amargor pela boca...
O campo todo vendido,
A vida no fio da faca
E o meu olhar perdido...
O rancho velho a mangueira,
E logo adiante a carreteira
Uma saudade veiaca
Me esperando na porteira

Despedida

Despedida
(Jaime Vaz Brasil, Ricardo Freire)

Quando a guerra não foi mais que um simples jogo
Quando o medo fez mais cedo um outro escuro
E o futuro se fez logo ali, dobrando
Eu vi, amiga: era tarde.

Quando o mundo foi além do meu quintal
Quando a vida foi jornal e não história
E a memória fez a contramão do dia
Eu vi, amiga: era tarde.

Quando o vento não me fez abrir os braços
Ao abraço sideral de estar voando
E a pandorga me fugiu sem dizer quando
Eu vi, amiga: era tarde.

Quando o guarda que dormia nos brinquedos
Pôs o dedo no olhar da minha pressa
E quis ver o que a vida fez de mim
Eu vi, amiga: era tarde.

Quando a noite foi algema no meu sono
E eu, de dono, fui escravo de um relógio
E no pulso pus dilema e cotidiano
Eu vi, amiga: era tarde.

Quando o tempo foi julgado em outra lei
E a tristeza me beijou, tão natural
Nas paredes, no vazio fundo da casa
Eu vi, amiga: era tarde.

Muito tarde.