Coplas Para Um Galpão De Estância
(Xirú Antunes, Severino Moreira, Jari Terres)
Estes cernes consumidos em tua alma de brasedo
Por certo foram segredos no centro das inverneras
De repousar as basteras retovando o garreril
Principiando o assobio de uma milonga galponera
Quem tem lembranças guardadas como regalo
Dos velhos tempos quando tudo era estância
Cruzar querência sobre o lombo do cavalo
E por instinto ter o tempo e a distância
Rever as garras penduradas num galpão
Chiar de tição nos respingos da cambona
Sentir o gosto desta xucra infusão
Bebendo acordes de guitarras redomonas
Galpão de estância marca viva do meu mundo
Cheiro de garras e pingos suados da lida
Tosca cantiga do estralar dos gravetos
Ar de sereno com carqueja ressequida
É a mais antiga das crenças de um payador de ofício
Mescla de guitarra e vício, és meu galpão centenário
Que por certo foi o cenário de improvisos e saudades
No bordonear de ansiedades de algum poeta visionário
Quando o soluço do inverno abre o poncho
Ou mormaceando o verão traz sualheiras
Tua tronqueira de saludo abraça a gente
Ilha quinchada no mar verde sem bandeira
Testemunha da raça dos potreadores
Que no teu chão conceberam bruxarias
Benzer as cismas dos lampejos de aurora
E atar esporas antes do clarear do dia
Galpão de estância marca viva do meu mundo
Cheiro de garras e pingos suados da lida
Tosca cantiga do estralar dos gravetos
Ar de sereno com carqueja ressequida