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Tropeando

Tropeando
(Júlio Machado Da SIlva Filho, Colmar Duarte)

No campo aberto desta vida a fora
Sou um tropeiro errante, que hoje passa
Arreando os magros sonhos por pirraça,
No rumo de uma noite sem aurora.

Busca a tropa, sem pressa, o horizonte
Farejando a querência contra o vento,
Bebendo em cada aguada novo alento,
Em cada ronda ansiando outro reponte.

E quando, já no fim desta jornada,
Me disser que está perto o patrão velho,
Algum taura, vaqueano da chegada,

Com o chapéu de aba bem tapeada,
Quero ir entrando a rebolear o relho
Sem ter perdido a tropa pela estrada

Reflexão

Reflexão
(Júlio Machado da Silva Filho, Colmar P. Duarte)

Para fugir a tristeza
Por buscar esquecimento,
Desejei ser como o vento
Que vai passando sozinho,
Sem repisar um caminho
Sem conhecer paradeiro
Quis ser nuvem ao pampeiro
Ser a estrela que fulgiu,
Quis ser as águas do rio
Fazendo inveja às areias
Em seu eterno viajar!

Um dia cansei de andar
E desejei novamente
Em vez de rio ser barranca,
Em vez de vento, moirão,
Em vez de nuvem, semente,
Em vez de estrela, ser chão!
Recém então aprendi
Que muita gente maldiz
Sua sorte - insatisfeita
Por não saber que é feliz

E nunca mais invejei
O destino das estrelas,
Que só enfeitam a noite
Porque o sol não pode vê-las;
As nuvens que submissas,
Vão onde o vento as levar
E o vento que passa triste
Porque não pode voltar!

Mãe Negra

Mãe Negra
(Colmar Duarte, Júlio Machado da Silva Filho)

Dorme filhinho...
Mãe Negra, Mãe Negra
Canta sempre assim;
Que ainda vive em mim.

A noite vai alta
E o piá não dormiu...
Mãe Negra cantando
Cantigas que ouviu
Ainda criança
E nunca esqueceu.

As bruxas do pampa
Ficaram pra trás.
Já não há mais mistérios
Que espantem o piás.

Não há lobisomem
Nem bicho-papão
E a negra do sol
Não vem, no verão
Assustar guris
Com assombração.

O tempo, brincando
De “era uma vez”,
Levou as estórias
Que a Mãe Negra fez.

Faz de Conta

Faz de Conta
(Colmar Duarte, Armando Vasquez, Valdir Santana, João Chagas Leite )

Calça curta, pés descalços,
E pra defender meu pago,
Uma espada de alecrim,
Fui o leão do Caverá,
Fui feliz quando fui piá,
Tive um mundo só pra mim.

Eu fui herói, fui bandido,
Fui senhor das sesmarias,
Nestas minhas fantasias,
Tive muitos inimigos,
E o cardeal das laranjeiras,
Me avisava dos perigos.

À cavalo Honório Lemes,
Pegue as "arma" e te prepara.
Que aí vem Flores da Cunha
No seu flete de taquara.

Tempos de doces lembranças
Que o faz de conta criou
Mundéus de crinas trançadas
Forcas que o vento balança,
Para os tempos de crianças
Que o próprio tempo ariscou.

Homens de um tempo sem medo,
Para exemplo nos brinquedos,
Que a vida deixou passar.
E o piá de estância de agora,
Já não tem a quem copiar.



Enviada por Liane