Cadastre seu e-mail e receba as atualizações do Blog:

Mostrando postagens com marcador Carneando Oveia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Carneando Oveia. Mostrar todas as postagens

Carneando Oveia

Carneando Oveia
(Severino Rudes Moreira, Zulmar Benitez)

Bichos criados “cousa” linda na mangueira,
Aperta a cola pra ver qual o mais gordito.
Me dá uma mão p’ra pendurar lá na tronqueira,
Depois sossega, eu carneio o bicho solito.
Ponta de faca procurando o sangrador,
Se abre a goela já me obrigo a soltar...
Que ovelha é bicho protegido do Senhor,
Depois que berra é um pecado matar.

“Garrear” as patas pra mim não é segredo,
Risco de faca desde o queixo ao “recavem”,
E vou soqueando esses “seis ou sete dedos”,
Pelego Bueno pros arreios me convém.
Abrir o bicho para mim é sem demora.
Fazendo a faca lamber o osso do peito,
E vou sacando toda a buchada p’ra fora...
Que o pior da lida eu já considero feito.

Sebo das tripas e o “graxedo” dos rins,
É coisa buena pra canjica e o feijão.
E um torresmo sendo gordito assim,
Como enriquece uma “gamela de rolão”.
Só livro o “fel” e manoteio as “frussuras”
Corto a cabeça e entrego p’ra gurizada;
A tripa gorda e a “coalheira” são frituras
Que retemperam o chimarrão da madrugada.

Deixo o espinhaço pra uma canjica de trigo,
E as costelas pra respingar no braseiro,
Uma paleta pro rancho de cada amigo,
Depois charqueio os quartos pro carreteiro.
E desse jeito se carneia a “caponada”,
Lida buenacha, folclore do meu rincão.
Quem cria pouco não costuma perder nada...
E até as tripas se aproveita pra sabão.

E as pata loco véio?
- Das pata eu vou fazer um azeite de mocotó.
É aí que me refiro!!!


Intérprete: Tiago Cesarino