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Mostrando postagens com marcador Carlos Leal. Mostrar todas as postagens
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Na Sombra Do Cinamomo

Na Sombra Do Cinamomo
(Edilberto Teixeira, Carlos Leal)

Na sombra de um cinamomo
Olhando longe a coxilha,
Meus versos voam pra longe
Nas asas da redondilha.

A cuia, porongo quente,
Parece me acarinhar,
A grama verde me chama,
Vontade de me deitar!

Forro o capim com os pelegos
Pra poder me espreguiçar
Enquanto sorvo o amargo
De um verso rimado em ar.

Campeando o mote pra o verso
Me paro então a cismar,
E as rimas pobres se cansam
E morrem faltando o ar.

Minha alma está de lombeira
E o corpo meio esquisito,
Por mais que eu pense e repense
Não acho um verso bonito.

Sigo olhando as coxilhas
Maneado pelo aconchego
De um verso meio entrevado
Judiando a lã dos pelegos.

Na sombra de um cinamomo
Me espreguiçando com a rima,
O meu verso morreu de tédio
Nas tranças daquela china.


Sinal Certo

Sinal Certo
(Edilberto Teixeira, Matheus Leal, Carlos Leal)

Maçarico voa em bando
Nuvens d’água repontando,
Quero-quero avisa seca
Na lagoa se ajuntando.

Se a seriema águas a baixo
Sai correndo, vai chover.
Se, ao contrário, águas acima
Grande seca vai se ver.

João-de-barro bate palmas
Com a barreira pra cantar.
Êta, bicho mentiroso,
Quer bom dia anunciar!

Quando o burro se bolqueia,
Frente às casas, vai chover.
Saracura, quando canta,
Mesma coisa quer dizer.

Se o cavalo está suando
Sem se ter desaguachado,
“Vai chover de canivete”
Lá pras bandas do cercado.


Flor De Porongo

Flor de Porongo
(Edilberto Teixeira, Carlos Leal, Matheus Leal)

Moreninha cor de cuia
Que inspira um verso bonito
Curtida pelo infinito
Prazer de um beijo roubado.
Sabor de um mate lavado
Com vício doce da rima...
Cuia de casca morena
Tua essência verde é um poema,
Feitio de um corpo de china.

Porongo, flor de morena,
Parceira do peão solito
Mateando, bem despacito,
Na sombra de um cinamomo.
Desassombrando o abandono
Da tarde linda e gaviona,
Que se vai com o movimento
Do sopro manso do vento
Que imita o chiar da cambona.

Chininha, cuia morena,
Da cor do sol regalito,
Meu verso é um pássaro aflito
Que vem pousar na tua sombra.
Cada vez que eu beijo a bomba
Bebo a paz das horas quietas
Que dormem e acordam em teu bojo,
Roncando o mate do apojo
Da rima de outros poetas.

Moreninha cor de cuia
Cacimba que eu bebo aflito
Quando eu me sinto solito
Sem pátria e sem endereço.
Beijando a bomba eu me aqueço
Porque o mate é um lenitivo.
E, enquanto o beijo não cessa,
Eu bebo a sanga e a promessa
De mais um mate pra o estribo.

Moreninha cor de cuia
Que cabe dentro o infinito,
Com um sentimento esquisito
Te aperto com as duas mãos,
Porque o sabor temporão
Que tens na boca e amargo.
Tua bomba tem os lábios quentes
E a china o aroma envolvente
Desta saudade que eu trago.

Chininha, cuia morena,
Da cor do sol regalito,
Meu verso é um pássaro aflito
Que vem pousar na tua sombra.
Cada vez que eu beijo a bomba
Bebo a paz das horas quietas
Que dormem e acordam em teu bojo,
Roncando o mate do apojo
Da rima de outros poetas.