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Chamamecero


Chamamecero
(Mauro Moraes)

Como se a escuridão trouxesse luz
Como se o coração fosse explodir
Mastiguei a fala negaceei a mágoa
Só pra ver a lágrima feliz

Quis amansar a dor, me vi pela vida
Quis conhecer o amor fiz um chamamé
Cheio de carinho louco de faceiro
Mas que chamameceiro me senti

Coisa de bom menino abraçando o pai
Coisa de mão saudosa mimando o filho
Fui me emocionando a mando do gaiteiro
Mas que chamamecero repeti

A mão vem me dando o soco eu prendo-lhe um sapucay
O pé pisoteia a marca e a alma arrepia em pelo
E quase arrebenta o fole e torce pra vida melhorar

Atando O Cavalo

Atando O Cavalo
(Mauro Moraes)

Milonga afeita à luz de candeeiro
Na ponta dos dedos traduz um violão
Conforme a dor tapeia um sombrero
Tenteando o cabresto da imaginação

Milongueia, vida boa,
Milongueia em “riba” dos animais
Milongueia, nem que doa,
Milongueia ao tranquito, “no más”...

Milonga aberta às léguas do tempo,
Arrasta os arreios olhando pro chão,
Conforme for carneia pro assado
Atando o cavalo de frente ao galpão...

Milongueia, vida boa,
Milongueia em “riba” dos animais
Milongueia, nem que doa,
Milongueia ao tranquito, “no más”...

Milonga atenta ao gado novilho,
Num baio rosilho é só coração
Soltando a mão ponteia o que sabe
Nas horas do mate e de solidão...

Milongueia, vida boa,
Milongueia em “riba” dos animais
Milongueia, nem que doa,
Milongueia ao tranquito, “no más”...

Me agrada a prosa milongueando campo fora
Quando a vida se acomoda junto ao pé do fogão,
Me lava a alma conversar com a matungada,
Apartando a terneirada com as “ovelha” em criação...

Milongueia, vida boa,
Milongueia em “riba” dos animais
Milongueia, nem que doa,
Milongueia ao tranquito, “no más”...

Campereando

Campereando
(Mauro Moraes)

Na charla dos milongueiros
Contraponteando o silêncio
Eu sempre digo o que penso
Quando o violão me golpeia
E me garanto por terra
Cantando coisas do campo
Sem molestar o quebranto
Dum bordoneio queixoso
Daqueles do olhar lacrimoso
Quando voltamos pra dentro...

Campereando vou, campereando, vou
Vou eu a cavalo, encurtando o pago, campeador!

Guardo nas léguas dos olhos
Remorsos nunca esquecidos
Um catre "bueno" curtido
Pros dias que não enfreno
Tropilhas do mesmo pelo
Parceiras das invernadas
Quando amadrinho quarteadas
No pampa do meu Estado
E um coração solidário
Velando à luz dos luzeiros...

Campereando vou, campereando, vou
Vou eu a cavalo, encurtando o pago, campeador!

Sabe comadre milonga
Fulana nem sei das “quanta”
Sempre que um sonho se planta
Tenho com quem conversar
Ando de laço atorado
Marcado pelo meu jeito
Quando a dor abre o peito
E o vento nada responde
Talvez buscando horizontes
Eu mude a cara do tempo...

Campereando vou, campereando, vou
Vou eu a cavalo, encurtando o pago, campeador!