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A Nossa Canção


A Nossa Canção
(Andrius Cruz)

Não me empesas de falar nem um instante
Se não sentires o que sinto nessa dor
Essa canção que fiz a ti para dizer
Que ainda sinto o teu calor.

Não me permita que encoste em teus lábios
Se as feridas não sumir do coração
A lua vem iluminando nossas noites
E as estrelas essa minha solidão.

Te recordar me traz a lua e o sol dos campos
Traz o sorriso e o gosto doce dos teus beijos
Que apeavam fim de tardes de verão
E saciavam todos os nossos desejos.

Se eu te encontrar em algum momento iluminário
Não tenha medo de ouvir seu coração
Beije meus lábios pra estancar essa saudade
Sinta a magia que tem a nossa canção.

Não contradiga as aventuras que vivemos
E desfrutamos do amor que há em nós
Noites escuras me convidam para um Mate
Do mesmo jeito que convidas minha voz.

Não me perdoe por esses versos singelos
Que se formaram imaginando teu olhar
E os acordes desse Pinho testemunham
O coração que o teu nome quer cantar.

A Morte do Andante


A Morte do Andante
(Dionísio Costa, Andrius Cruz)

Um cusco impaciente lambendo seu rosto
Ao ver contragosto o amigo no chão
Um leito de trapos que agora é mortalha
Em meio a migalhas sobre um papelão

Dormindo ao relento no forte do inverno
O sono eterno então lhe abateu
Não teve a graça de ver mais um dia
Sozinho vivia sozinho morreu

Será que é verdade que somos iguais
Os mesmos mortais conforme se pensa
Será que vivemos o que é aparente
E a vida da gente não tem diferença

Será que a vida daquele andarilho
Por ter menos brilho não tinha valor
Será que só basta rezar ajoelhado
E dormir descansado em nome do amor

Que história teria aquele andante
Que há poucos instantes tombou na avenida
Quem são seus parentes e onde estão agora
No amargo da hora que se esvai uma vida

Dormiu sem ter sonho e aceitou calado
O abraço gelado que a morte lhe trouxe
Nem vela e nem choro nessa despedida
Mas era uma vida do jeito que fosse