(Jader Leal, Mateus Lampert)
Finda a manhã de sol quente
no janeiro
E o ovelheiro busca a sombra
do galpão
Vem assoliado de um aparte de
rodeio
Enquanto apeio e desencilho o
redomão
Tiro dos queixo o bocal de
couro cru
E o basto Paysandu molda o
cavalete
Quem sabe hoje se apequene a
estiada
Numa chuva anunciada lá pras
bandas do Alegrete
Água no lombo da cavalhada da
encilha
O rádio de pilha no compasso
da chamarra
Imagem linda, mais um dia de
verão
E no oitão os guaxos fazem
algazarra
Água no lombo e a cavalhada
na soga
O peão afoga o calor num gol
de canha
Que contra o mate vai fazendo
um costado
Assim me agrado dessa vida de
campanha
Meia tarde vem chegando a
recolhida
De pronto a lida chama prá
invernada
Revisar uns boi, tá pintando
o carrapato
E o mulato tirá uns pulo na
gateada
Boi cruzado de zebu com
polhango
Tala de mango prá um refugo
caborteiro
Volta tranqueada e o capataz
vai ao trote
Juntar um lote de borregos no
potreiro
Água no lombo busco a volta e
tiro o freio
E o tempo feio se arma num
vento norte
Junto os pelego que deixei
estaqueado
Pois sei o lado de onde vem a
chuva forte
Água no lombo mais um dia que
se acaba
Tapeio a aba do sombreiro prá
o horizonte
Tá com jeito de que amanhece
chovendo
Seria bom ta prometendo a dois
ontonte