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AIRUMÃ

TÍTULO

AIRUMÃ

COMPOSITORES

LETRA

ADRIANO SILVA ALVES

MÚSICA

ANDRÉ TEIXEIRA

MARCELO OLIVEIRA

INTÉRPRETE

ANDRÉ TEIXEIRA

MARCELO OLIVEIRA

RITMO

CD/LP

21ª SAPECADA DA CANÇÃO NATIVA

FESTIVAL

21ª SAPECADA DA CANÇÃO NATIVA

DECLAMADOR

AMADRINHADOR

PREMIAÇÕES

 

AIRUMÃ

(Adriano Silva Alves, André Teixeira, Marcelo Oliveira)

 

Dorme em teu rosto um encanto

Das noites que vivem em ti;

Segredos de alma morena,

Olhos de céu, Guarany...

 

Lágrimas puras de orvalho

Que se derramam inteiras;

Na forma das madrugadas,

Que abrigam sonhos de estrelas.

 

Que se repetem em suas horas,

Em alvas peles vestidas;

Sopros de luz, solitários,

Clareando escuros da vida.

 

(Dorme em teu rosto um encanto

Antes do véu das manhãs;

D’Alva de um céu Guarany,

Que a voz batiza Airumã.)

 

Índia saudade morena

Que as vezes chora sua cor

Ilusões de mato e sanga,

Aromas de campo e flor.

 

Que antes das luas inteiras

Dessas de forma prateada;

Vem só, olhar-se vaidosa,

No espelho de alguma aguada.

 

Onde se vê noutro encanto,

Na vida, de antes daqui;

Airumã, pequena D’Alva

Estrela de um Guarany.

 

(Dorme em teu rosto um encanto

Antes do véu das manhãs;

D’Alva de um céu Guarany,

Que a voz batiza Airumã.)



 


Pacholeio

Pacholeio
(Adriano Alves, Carlos Madruga)

Pacholeio meu bragado,
Redomão de boca atada
Com olhos de madrugada
E o pelo da noite escura;
Manso pro andar da “chirua”
Que trouxe embaixo do poncho
Depois de um baile de rancho
Benzido com a luz da lua...

Pacholeio a flor vermelha
Que “olfateei” preza na trança
Enquanto floreava a dança,
Com feitiços de candeeiro;
Som de guitarra e pandeiro,
Com resmungos de alpargata
E um grito de “outra volta”
Pra chamarra do gaiteiro.

Pacholeio o lenço branco
Bem atado a meia espalda
Por “galhardão” ou por balda,
Por ser gaúcho, bem pilchado;
Jaleco escuro, bordado
Adaga de prata e ouro
E estrelas pintando o couro,
Nas manchas do meu bragado.

Pacholeio algum “silvido”
Na volta dum corredor
Onde o sereno e a flor
Bailam o silêncio das horas;
E uma coruja “pachola”
Assombra quem quer cruzar,
Com um “encarnado” no olhar
E um canto claro de esporas.

Pacholeio meu bragado
Com olhos de madrugada,
Redomão de boca atada
Que pra “chirua” floreio;
Na noite dos meus arreio
Que trago embaixo do poncho
Depois de um baile de rancho
Benzido num “Pacholeio”.


Intérprete: Matheus Leal


Terra

Terra
(Adriano Silva Alves, Cristian Camargo)

Choro o mesmo pranto, que guarda o encanto
Quando escuto teu silêncio;
Na ilusão do tempo, que repete ao vento,
Um canto...

Com razões contidas, chegada e partida
Benção clara de semente;
Que acolhe em teu ventre, que banha em vertente,
A vida...

Alma peregrina em seu destino de cruzar
Paciência que ensina, a cada dia um caminhar;
Andar...

Choro o pranto terra,
Que teu pranto encerra, na flor, vida que se abriu;
Lágrima que escorre e em silêncio dorme,
Em rio...

Solitário o tempo,
Andarilho o vento, face clara, lua inteira;
Fruto que envelhece, que renasce e cresce,
Poeira...

“Sou filho em teu ventre, me banha em vertente a vida
Fruto que envelhece, que renasce e cresce, poeira,
Alma peregrina em seu destino de cruzar;
Choro o mesmo canto, que vive em teu pranto, terra”...



Intérprete: Marcelo Oliveira e Quarteto Coração de Potro

Coração de Madeira


Coração de Madeira
(Adriano Alves, Cristian Camargo)

Pulso em ti, sou coração
Pulso em ti, a vida inteira
Trago em mim, a saudade dos teus tempos
Pulso em ti, em ti, madeira

Ouço o idioma que vive nos matos
Na lágrima que espelha junto à sanga
No céu dos ventos e asas solitárias
No chão que abriga os passos quando anda

Ouço a voz das luas claras, madrugadas
Sua intenção mais pura, poesia
Que beija a face d'alma e bebe em cantos
Vertente cristalina em melodia

Sou eu, teu coração vida e madeira
Silêncios, nostalgia e oração
Saudade, melodia em minhas veias
Que vibram no pulsar de outro coração

"Sou eu, pulsando em ti a vida inteira
Tenho marcas que colhi no céu dos tempos
E que abriguei junto ao meu corpo
Madeira, cada marca em mim batizo melodias
Que o timbre rouco da minha voz mostra seu jeito
Pois sou teu coração a traduzir
O que diz o coração dentro do peito"

Sou eu, teu coração vida e madeira
Silêncios, nostalgia e oração
Saudade, melodia em minhas veias
Que vibram no pulsar de outro coração

Pulso em ti, sou coração
Pulso em ti, a vida inteira
Trago em mim, a saudade dos teus tempos
Pulso em ti, em ti, madeira

Pulso em ti, a vida inteira
Sou eu, teu coração vida e madeira
Sou eu, teu coração vida e madeira

Baeta Colorada

Baeta Colorada
(Adriano Alves, Raineri Spohr)

Desponta em alma de noite
Por sobre olhar de vida
Por ser chegada e partida
Sangrando em carnal vermelho
E a retina por espelho
Reflete e lua estampada
Na linda flor colorada
Que china prende o cabelo!

E pelo olhar feiticeiro
Sereno de tempo e céu
Pra o saludo no chapéu
De quem traz sonhos por dentro
E arrincona sentimentos
Que a noite por si conhece
Frente ao vermelho d’um leque
Que imita o bailar do vento.

Num rasguido compassado
De luzir tempo e espora
O lenço encarnado aflora
Na própria estampa campeira
Que se vê sangrar inteira
Em cada nota tirada
Na baeta colorada
Que é alma das três ilheiras.

E ao findar a sinfonia
De vida, sonho e candeeiro
Frente ao olhar do gaiteiro
Ressurge a linda guaiñita
Vermelho vestido em chita
E um sorriso por sinuelo
Oferta a flor do cabelo
E um beijo por despedida.

Retorna em alma de dia
Por sobre o olhar de vida
Por ser saudade e partida
Sangrando em carnal vermelho
Na retina por espelho
A luz do sol estampada
Na linda flor colorada
Que a china prendia o cabelo.

Quando Uma Lágrima Se Fez Espelho Na Alma

Quando Uma Lágrima Se Fez Espelho Na Alma
(Adriano Alves, Osmar Proença, Marcelo Oliveira)

Uma lágrima encheu os rios da face
De um bisavô, ao visitar o seu passado
Entre lembranças dissipadas pelo tempo
Iguais retratos que envelhecem, desbotados

E na cacimba de água clara das retinas
Se refletiu aquele tempo que se foi
Do povo índio defendendo a sua terra
Até os tropeiros das canções do êra boi

Falou de escravos derramando suor e sangue
Cercas, mangueiras, levantando em pedras mouras
De mãos rurais antes de lanças e garruchas
Pelos galpões, firmando o pulso nas tesouras

Cordas sovadas pelas mãos de homens campeiros
Cimbrando golpes no sustento dos rituais
As nazarenas nos garrões dos domadores
E as boleadeiras em mundéus para os baguais

E através do espelho da alma pude ver
Que o ancestral e o campo sentem a mesma dor
Feito uma tropa que se vai, gastando léguas
Sem nem saber o que há no fim do corredor

Mirando o largo um horizonte dos meus olhos
Sentiu o campo, maltratado em sua essência
Falsos herdeiros reclamando a velha terra
Sem nem notícias das origens ou querência

E viu que os homens continuam sendo escravos
Que há fios de arame no lugar de pedras mouras
Que mãos ociosas erguem foices e bandeiras
Enquanto isso, enferrujam-se as tesouras

Viu os arreios encilhando cavaletes
Sovéus e laços sem espaço pra os pealos
Que sem garrões, as nazarenas silenciaram
E as boleadeiras se esqueceram dos cavalos

E através do espelho d'alma, pode ver
Que a tropa anda e mais comprido é o corredor
E que o campo, embora guapo, se ressente
E sem querer, segue sofrendo a mesma dor