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DE GEADAS, MILONGAS E SAUDADE

Título
DE GEADAS, MILONGA E SAUDADE
Compositores
LETRA
ADAIR DE FREITAS
MÚSICA
ADAIR DE FREITAS
Intérprete
ADAIR DE FREITAS
Ritmo
MILONGA
CD/LP
22ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
Festival
22ª CALIFÓRNIA DA CANÇÃO NATIVA
Declamador

Amadrinhador

Premiações


DE GEADAS, MILONGAS E SAUDADE
(Adair De Freitas)

A madrugada não se acorda pros meus olhos
Que estão pasmados no negror da noite fria
Eu não consigo “desquinar” meus pensamentos
E nem dos galos posso ouvir a cantoria.

O que me vale é o “bichará” cardado a gosto
Que amorna o catre neste agosto que se alonga
Pra reaquecer a coração “encarangado”
Que só se acorda com acordes de milonga.

Como são largas essas noites aporreadas
E este silêncio faz rumores na minh’alma
Vem a saudade no meu rancho bater palmas
Buscando achego pra viver amanunciada.

E vou abrir pra esta gaviona companheira
Meu rancho pobre onde mora o desencanto
Esta saudade amiga antiga do meu canto
Vai ser motivo pra que eu cante a vida inteira.

A geada grande que deitou sobre a coxilha
Espera o beijo do sol quente da manhã
Pra derramar-se pelas várzeas que amanhecem
No grito alerta da garganta dos tajãs.

Logo de noite vou prender um fogo grande
Vou milonguear até que o sono então me abraçe
Pois aquecido no calor da minha guitarra
Nem geada fria esfria um canto que renasce.


FIRMANDO O TUTANO

Título
FIRMANDO O TUTANO
Compositores
Gilberto (Giba) Trindade
Nirion Machado
Cristiano Fantinel
Intérpretes
Adair de Freitas
Cristiano Fantinel
Ritmo
Chamarra
CD/LP
                      23ª Tertúlia Musical Nativista
Festival
                      23ª Tertúlia Musical Nativista
Declamador

Amadrinhador


Firmando o Tutano
(GibaTrindade, Nirion Mchado, Cristiano Fantinel)

Acende o fogo, ceva o mate, meu parceiro,
Que esse costume é condição de gente amiga,
Proseada buena, mirando o dia acordar,
Enquanto a vida, enfeita o pampa de cantigas.

Encilha o pingo, é madrugada, companheiro,
Acerta o tino, que tem campo pra cuidar,
O tempo é escasso e lá pros lados castelhanos,
Tem armação e este aguaceiro vem pra cá.

Vamos de mano, ao coração desta fronteira,
Cumprindo a sorte de lutar nos mesmos pastos,
Firma o tutano, neste oficio de campeiro,
Deixe que a terra dê razão aos nossos rastros.
 
Encara a tarde, o sol que arde, companheiro
Ritual de campo onde o fronteiro se retrata,
Segue a labuta, com alma aberta dos que sabem,
Ver o valor de um bom amigo antes da “plata”.

Fim da jornada, a vida é bruta, meu parceiro,
Passa esse amargo e escuta a noite se encantar,
Outra proseada, pra exaltar lidas renhidas,
Por que amanhã tem campo e sonho pra cuidar.

Quando Tropear É Um Ofício

Quando Tropear É Um Ofício
(Adair de Freitas)

A tropa vai ao tranco estrada à fora
Fareja o próprio rastro sem saber
Que a morte desde ontonte faz negaça
E nos caminhos que hoje passa nunca mais irá volver.

O berro, a poeira, o grito dos tropeiros
Se perdem na amplidão desses confins
E aos poucos me dou conta que o destino
Da tropa e do tropeiro é o mesmo enfim.

Criado desde piá pelas estâncias
A magia das distâncias eu sonhava decifrar
Rumbeando a estrada livre dos teatinos
Encontrei no meu destino este ofício de tropear.

Sou parte destes berros, desta poeira
Destes gritos, vida inteira, na culatra ou no fiador,
Fascínio da sonata de um cincerro
Que escutei por trás do cerro num sem fim de corredor.

Quem traz dentro da alma este xucrismo
De andar buscando a luz dos horizontes
Forjado no rigor da dura lida
Sabe que a sede de vida se mata na própria fonte.

Não teme o sol que abrasa os corredores
E o frio de uma garoa galopeada
Assim é o homem livre dos caminhos
Que um dia, por querer, se fez estrada.


Intérprete: Adair de Freitas


Trindade

Trindade
(Gilberto Trindade, Nirion Machado)

O velho é molde ancestral que vem de boa semente,
Cruzou um tempo inclemente de rédeas firmes na mão,
Fez pátria e revolução charlando um pampa dialeto,
E ensinou filhos e netos semear amor no seu chão.

O outro é de um tempo novo e traz figura mais branda,
Mas no olhar a mesma gana de quem cumpriu a missão,
Por ser templado em galpão na velha forja do pampa,
Carrega o campo na estampa e os sonhos no coração.

O moço é mescla dos dois pisando nos mesmos rastros,
Com a coronilha dos braços vai estampando no chão,
A sangue, suor e paixão e uns arroubos de vaidades,
O armorial desta Trindade que faz do campo a razão.

O Filho, o Pai e o Avô, três tentos de um mesmo laço,
Cerzidos no mesmo abraço que a mão da vida trançou,
Sem galardões de doutor, mas honras de resistências,
Vão semeando na querência seus sonhos de paz e amor.

Os três conservam rituais, tisnados no breu dos anos,
A poeira, chuva e minuanos, para legar aos demais,
Pois sabem que a alma se vai e a matéria vira pó,
Mas o que ensinam os avós, a qualquer tempo resiste,
Nesta Trindade que existe, na vida de todos nós!



Intérprete: Robledo Martins, Adair de Freitas, Cristiano Fantinel


Pra Cantar O Que A Alma Tem

Pra Cantar O Que A Alma Tem
(Marcelo D’Ávila, Robson Garcia)

Não vou cansar minha guitarra
Com milongas extraviadas
De acordes duros de boca
E versos que dizem nada.

Porque é preciso tenência
Pra cantar o que alma tem:
O verso é palavra morta
Se não disser a quê vem.

Quem canta aquilo que sente
Tem razões pra ser feliz;
Se deixo alguma semente
É porque tive raiz.

Avesso a cantos estranhos
De rimas tão diminutas
Meu verso tem a crueza
Do campo em matéria bruta.

O verso é munício da alma
Contra a prisão das encerras
Por isso faço meus versos
Com forte cheiro de terra.

Romance De Um Peão Posteiro


Romance De Um Peão Posteiro
(Adair de Freitas, Ricardo Martins)

Quando volto as casa num final de tarde,
Venho assoviando uma coplita mansa;
Meio “basteriado” pela dura lida
Mas meu coração canta de esperança.

Sei que me esperam junto da janela...
Dois olhos matreiros presos na distância
-É a dona do rancho que sai porta fora
Pra os braços rudes deste peão de estância.-

É um rancho posteiro num fundo de campo...
Meu pequeno mundo que eu mesmo fiz;
Como por encanto torna-se um palácio
Pra prenda rainha que me faz feliz.

Esta prenda linda prendeu meu destino,
Não sou mais teatino, veja o que ela fez
E ao olhar seu ventre sei com ansiedade
Que em breve no rancho, nós seremos três

Vou aumentar o rancho pois sou prevenido,
Já tenho escolhido um pingo pra o piá,
Vai ser meu parceiro pras horas de mate
Maior alegria que está não há.

Quem tem o que tenho, vai me dar razão
(De cantar alegre galopeando ao vento)
A saudade é um chasque pra mulher amada
Que me invade o peito, coração a dentro...

Cantiga Para Um Novo Mundo


Cantiga Para Um Novo Mundo
(Adair de Freitas)

Quem não tem rumo se achegue,
Que eu tenho rumo pra nós,
Na velha estrada do canto
Por onde anda minha voz.

Meu verso fez um caminho
Sem grilhões e sem amarras
E se por vezes se prende
É nas cordas da guitarra

E se por vezes se prende
É nas cordas da guitarra

Quem muda os rumos do canto
Não vai a lugar nenhum
Que a cruz do canto verdade
É peso demais pra um.

Vamos cantar companheiro
Que o campo é um facho de luz
E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

Quem canta o pago nativo
Para os irmãos do universo
É uma trincheira de guerra
Armado de canto e verso.

Sorve outro mate, parceiro,
Da seiva bugra pagã
Que há um oh de casa chegando
Na luz da nova manhã.

Que há um oh de casa chegando
Na luz da nova manhã.

Quem muda os rumos do canto
Não vai a lugar nenhum
Que a cruz do canto verdade
É peso demais pra um.

Vamos cantar companheiro
Que o campo é um facho de luz
E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz.

E a força de duas vozes
Divide o peso da cruz...

Inverno Pampeano

Inverno Pampeano
(Adair de Freitas)

Lá vem o Minuano açoitando as macegas
Nas frinchas do rancho um medonho assovio
O gado procura um capão pro abrigo
E o cusco parceiro tirita de frio

Na fúria dos ventos do inverno pampeano
Alambrado tinindo se torna um bordão
Que a mãe natureza dedilha sem pressa
Entoando na tarde uma triste canção

Ao pé de algum fogo se abanca o Gaúcho
Enrolado no pala pra um mate parceiro
A cuia campeira de mão vai trocando
E aquece a amizade entre rudes campeiros

Os tauras conhecem do tempo suas manhas
Se acaso na noite o Minuano cessar
Vai ter geada grande branqueando as coxilhas
Paisagem tão linda só Deus pra pintar

Inverno pampeano de opaco matiz
Do fogo campeiro clareando os galpões
É tempo em que os sonhos se tornam mais gris
E acordam lembranças de antigos verões

Mas quando o agosto se finda e nos ranchos
A vida caminha em compasso de espera
A moça bonita já sonha com o campo
Abrindo mil flores para a primavera

O inverno pampeano então se despede
Se vai correr mundo e depois voltará
Trazendo a esperança de paz entre os homens
E a luz da igualdade que um dia virá

Ao pé de algum fogo se abanca o Gaúcho
Enrolado no pala pra um mate parceiro
A cuia campeira de mão vai trocando
E aquece a amizade entre rudes campeiros

Os tauras conhecem do tempo suas manhas
Se acaso na noite o Minuano cessar
Vai ter geada grande branqueando as coxilhas
Paisagem tão linda só Deus pra pintar

Inverno pampeano de opaco matiz
Do fogo campeiro clareando os galpões
É tempo em que os sonhos se tornam mais gris
E acordam lembranças de antigos verões

Changueiro De Vida E Lida

Changueiro De Vida E Lida
(Adair de Freitas)

Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro

E assim será,
Porque haverá de ser assim a vida de um peão
Changueando a lida vida a fora sem buscar razão
Nem me interessa outro moldes se não for assim
E viverá
Porque viver sendo changueiro é tudo o que aprendeu
Sabe que as preces nada valem pra quem é ateu
Nem catecismos pra quem não tem fé.

Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro

Vou madrugar
Passar na venda, encher a mala de garupa e sair
Galope alegre rumo ao rancho pra fazer sorrir
Minha chinoca e os piazitos que esperando estão
E vou ficar
Dois ou três dias para matar essa saudade enfim
Juntar as garras e partir, pois tem que ser assim
Meu rancho é o mundo e as estradas... se nasci peão

Quando acabarem-se as esquilas
Pra onde irei, pra onde irei?
Talvez changuear para juntar mais alguns pilas
Que sempre gasto mais depressa que ganhei
Vou assoliar meu poncho velho
Fiel parceiro, fiel parceiro...
O João Maria me avisou de lá do povo
Conta comigo pra tropear pra um saladeiro

Então irei,
Mais uma vez, pingo de tiro pelo corredor
A repassar meu próprio rastro sempre campeador
E auroras novas que iluminam o pago de onde vim
E cantarei,
Meu canto alerta terra e fogo changueador também
Com a certeza que na vida nada nem ninguém,
Há de domar o potro xucro que escarceia em mim.

Canto Alegretense

Canto Alegretense
(Antonio Fagundes, Bagre Fagundes)

Não me perguntes onde fica o Alegrete
Segue o rumo do seu próprio coração
Cruzarás pela estrada algum ginete
E ouvirás toque de gaita e violão

Prá quem chega de Rosário ao fim da tarde
Ou quem vem de Uruguaiana de manhã
Tem o sol como uma brasa que ainda arde
Mergulhado no Rio Ibirapuitã

Ouve o canto Gaucheso e Brasileiro
Desta terra que eu amei desde guri
Flor de tuna, camoatim de mel campeiro
Pedra moura das quebradas do Inhanduy

E na hora derradeira que eu mereça
Ver o sol alegretense entardecer
Como os potros vou virar minha cabeça
Para os pagos no momento de morrer

E nos olhos vou levar o encantamento
Desta terra que eu amei com devoção
Cada verso que eu componho é um pagamento
De uma dívida de amor e gratidão

Ouve o canto Gaucheso e Brasileiro
Desta terra que eu amei desde guri
Flor de tuna, camoatim de mel campeiro
Pedra moura das quebradas do Inhanduy

Previsão

Previsão
(Adair de Freitas)

(O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai).

E é por isso
Que o campeiro se agasalha
Porque sabe que não falha
Previsão de vaqueano
Mesmo aragano
Sabe que é dura a peleia
Quando o tempito se enfeia
Pro lado dos castelhanos.

(O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai).

Isto é costume
Da gente lá da fronteira
Gente boa sem fronteira
Que observa a Natureza
É sutileza do peão, e está provado
Se armando pra aquele lado
Chove chuva com certeza.

(O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai).

A vida é um tempo
Temporal, vento maleva
E a vida que a gente leva
Leva o tempo pela mão
Meu bom patrão,
Que alegria se eu previsse
Que a chuva do amor caísse
Nos ranchos do meu rincão.

(O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai
O tempo se armou de fato
Lá pra o lado do Uruguai
Vai chover barbaridade
E sem poncho ninguém sai).


  • Gracias parceiro, grande contribuição para o blog 

Pampeano

Pampeano
(Adair de Freitas)

Pampeano monta o flete da esperança
Pra recorrer os campos do porvir
Esquece das espadas e das lanças
Que a luz de um novo mundo vai surgir.

Os marcos e alambrados não dividem
O amor por essa terra nos hermana
Serão um grande exemplo para o mundo
Os filhos da mãe pátria americana.
Nas asas do condor quero voar
Nos rumos do minuano quero ir
Levando um canto novo pra cantar
Buscando um novo canto para ouvir
E nessa vastidão de campo e céu
Tornar reais meus sonhos de guri
Ao ver a pampa unida ser feliz
Na América do Sul onde nasci.

Nos olhos do pampeano a mesma luz
Nas mãos a mesma lida, a mesma fé
Os sonhos são iguais, igual o campo
Na terra o mesmo rumo pra seus pés

Nos campos e cidades a mesma luta
Buscando um amanhã com igualdade
Ainda viveremos para ver
Desabrochar a flor fraternidade.

Nas asas do condor quero voar
Nos rumos do minuano quero ir
Levando um canto novo pra cantar
Buscando um novo canto para ouvir
E nessa vastidão de campo e céu
Tornar reais meus sonhos de guri
Ao ver a pampa unida ser feliz
Na América do Sul onde nasci
Na América do Sul onde nasci.


  • Gracias Luis

Meu Canto

Meu Canto
(Adair de Freitas)

Meu canto não conhece desencanto
Vem peleando a tanto tempo
Mas não cansa de pelear
Hoje já se ouve a ressonância
Dessa voz de peão de estância
Conquistando seu lugar
Meu canto, se quiser eu te ofereço
Pois ninguém me bota preço
Quando não quero cantar
Meu canto, companheiro, não se iluda
É como um cavalo de muda
Que cansou de cabrestear
Meu canto, companheiro, não se iluda
É como um cavalo de muda
Que cansou de cabrestear.

Meu canto tem cheiro de terra e pampa
É um andejo que se acampa
Tendo o mundo por galpão
Grita pra que o mundo inteiro ouça
É raiz de muita força
Rebrotando deste chão.

Meu canto, não é mágoa, não é pranto
Nem passado, nem futuro,
Que o presente é mais verdade
Hoje o amanhã não me fascina
Tenho o ontem que me ensina
Mas não vivo de saudade
Canto nesta terra onde me planto
Mas não pise no meu poncho
Que eu empaco e me boleio
Canto pra pedir mais igualdade
Quem não gosta da verdade
Que se aparte do rodeio
Canto pra pedir mais igualdade
Quem não gosta da verdade
Que se aparte do rodeio.

Meu canto tem cheiro de terra e pampa
É um andejo que se acampa
Tendo o mundo por galpão
Grita pra que o mundo inteiro ouça
É raiz de muita força
Rebrotando deste chão.

Canto, e minha voz quando levanto
Não traz ódio nem maldade
Coisas que não sei sentir
Não que seja mais que qualquer outro
Nem mais taura, nem mais potro,
Se disser eu vou mentir
Peço pra quem julga e dá conceito
Que esqueça o preconceito
E me aceite como sou
Manso como água de cacimba,
Mas palanque que não cimbra
Porque o tempo enraizou
Manso como água de cacimba,
Mas palanque que não cimbra
Porque o tempo enraizou.

Meu canto tem cheiro de terra e pampa
É um andejo que se acampa
Tendo o mundo por galpão
Grita pra que o mundo inteiro ouça
É raiz de muita força
Rebrotando neste chão.



  • Mais uma do amigo Luis

De Já Hoje

De Já Hoje
(Adair de Freitas)

De já hoje quando estava no meu rancho
Me chamaram, me pediram que voltasse
E dos rumos donde vim eu fiz retorno
Na esperança de que a vida melhorasse
Juntei pilchas pelos cantos, e fiz canto
Pois cantando quando vim cruzei caminhos
Nesta volta os meus sonhos de distância
Trazem ânsias de rever o velho ninho.

(Quando vinha pela estrada, de já hoje
Lá no passo esporeei o meu picaço
E na ânsia de chegar, saí cantando
Nunca mais eu voltarei pra donde vim).

De já hoje quando vinha pela estrada
Regressando pro rincão onde nasci
Dentro d'alma galopeava uma saudade
E a vontade de encontrar o que perdi
Labaredas de algum fogo galponeiro
Vozes rudes de campeiros como eu
Mãos amigas me alcançando mais um mate
Realidades que a cidade não me deu.

(Quando vinha pela estrada, de já hoje
Lá no passo esporeei o meu picaço
E na ânsia de chegar, saí cantando
Nunca mais eu voltarei pra donde vim).

De já hoje quando ao tranco fui chegando
Na porteira que eu abria quando piá
Vi gaúchos que me olharam de soslaio
Nem ao menos "buenos dia" hoje se dá
Não vi pasto no potreiro rebolcado
Nem caseiro pra gritar "passe pra diante"
Não vi erva pro gaúcho tomar mate
Nem um resto de churrasco pro andante.

(Quando vinha pela estrada, de já hoje
Lá no passo sofrenei o meu picaço
E esta bruta realidade mata anseios
Que eu sentia nos lugares donde vim).

De já hoje, quando vinha pela estrada
Retornando do rincão onde nasci
Esporeei o meu picaço, e num laçaço
Fui deixando para trás tudo que vi
Quero andar, andar e andar pelas estradas
E avisar quem vem de longe a regressar
Que a mentira vem tropeando mil promessas
Que a verdade já cansou de cabrestear.
Que a mentira vem tropeando mil promessas
Que a verdade já cansou de cabrestear.



Colaboração do amigo Luis, gracias parceiro!!!

Polca Do Cerro Chato

Polca Do Cerro Chato
(Adair de Freitas)

Nos fandangos da fronteira,
De Rivera e Livramento
Conheci um mulato sério
Índio bom cento por cento
Com a cordeona nos braços
Era um artista de fato
Ficou famoso tocando
A Polca Do Cerro Chato.

Dava gosto de se ver
Quando a cordeona se abria
E as mãos rudes do moreno
Esparramando alegria
Adão Dias companheiro
Aonde estiver morando
A Polca Do Cerro Chato
Por certo estará tocando.

O pago todo sorria
Com o sorriso deste taita
E a gauchada bailando
Ao som crioulo da gaita
Pra que o pago não te esqueça
Hoje faço este relato
E Adão Dias se eternize
Na Polca Do Cerro Chato

Falado: (Aí companheirada da fronteira vamos tirar par e com certeza o Adão Dias estará tocando esta polca para todos nós. Vai simbora.)


Colaboração do amigo Luis, gracias parceiro!!!