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No Tranco Que O Zaino Faz


No Tranco Que O Zaino Faz
(Gujo Teixeira, Rafael Teixeira Chiappetta, Everson Maré)

Eu ia ao trote, assobiando uma milonga aos pedaços,
Rédea frouxa no meu zaino, numa cruzada do passo,
Quando este pingo, no freio, gachou o toso por conta,
Que se eu não sou dos “ligeiro”, não saía na outra ponta.

Daí que se dá valor a um par de espora grongueira,
Que firmam bem no sovaco, entre o suor e a barrigueira,
Depois que pega não solta, igual meus cusco em rodeio,
Pena não terem mais fio que eu partia o zaino ao meio.

Foi querendo se estender onde o passo era mais raso,
Entre o barranco e a aguada, foi aí que criou caso,
Meu zaino é passarinheiro, mas eu sempre me cuidava,
Acho até que não gostou da marca que eu assobiava.

Perdi o entono mas não perdi o assovio,
Me fui, perdendo e juntando, que pena que ninguém viu,
Oigalê zaino maleva que se enfeiou por bravata,
Entre as pedras do lageado mal se formava nas patas.

Perdi o entono mas não perdi o assovio,
Em cada golpe que dava, ia roncando o vazio,
Mas quando a coisa se enfeia, um golpe curto se alonga
E o zaino “inté’ parecia que dançava esta milonga.

Levei o zaino assobiando, numa tremenda epopéia
E o tino desta milonga não me saía da idéia,
Neste combate chairado que se fazia em trovoada,
Se foi negando os carinhos pra esporas mal afiada.

Creio que agora meu zaino entende meu assobio,
Cruzou adiante do arroio e até as casa seguiu,
E eu fui juntando os pedaços desta milonga no más
Pra chegar com ela bem pronta, no tranco que o zaino faz.

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